Ecce homo. Versão light

Meio-calimero style. P’ra desenjoar.



Agora constato que não gosto de revistas de automóveis. Se estou para comprar um carro ainda vá lá, mas ora bolas para que é que eu quero ver o que faz um Ferrari se não vou comprar nenhum. É como apreciar um quadro, dizem-me. Se calhar têm razão, mas eu, pelo sim pelo não, mando-os sempre “àquela parte”, para não alimentar mais conversas.



Passa-se o mesmo com a poesia amorosa escrita por mulheres. Eu transtorno-me com aquilo. Para quê ficar ali extasiado, se não era em mim que elas estavam a pensar. Não é dos meus lábios que falam, não é do meu suspiro, não é do meu abraço, não é do meu olhar, não é do meu enlevo, nem é do que eu arrebato nem do que eu assolapo, nada daquilo sou eu! Só me vai criar neuras, ou invejas desmedidas, ou estéreis desfalques d’alma.



Se for um poeta-homem a falar da sua mulher amada, isso eu vou ainda gerindo na boa. Aliás, até alivio um pouco “reinando” à socapa: «Siiiim, está bem filho, sim sim, pois pois, mas se te esqueceres da data do casamento, ou não lhe deres a mãozinha no cinema, já vais ver o tamanho do beicinho que te fazem as rimas».



Agora uma mulher a escrever aquelas coisas! Isso é que eu não aguento. Porque há sempre a possibilidade daquilo ser mesmo verdade. Há sempre a possibilidade de haver um “sacana-dum-cabrão” que produza mesmo aqueles sentimentos; e eu não suporto a ideia de que haja homens que alavanquem aquelas emoções e eu não seja um deles. No fundo tenho medo de me ver confrontado com a triste confirmação de que sou mesmo uma grande sensaboria-desenxabida. Façam-me então um favor queridas poetisas: escrevam, mas escrevam antes sobre a natureza, ‘ tá bem.



Se calhar vou mas é fazer um spin of de ego, despacho-me duns activos supérfluos e rentabilizo o que é bom. Sim, porque se há quem “tome firme” a Mediacapital, tomam firme qualquer coisa.



Bem, e para aliviar vou a uma récita do Sebastião da Gama ( chiça...)

......

É pá!... qué isto que eu estou a ouvir cantar cá em casa...



“A fuego lento tu mirada

A fuego lento tu o nada

Vamos tramando esta locura

Com tu fuerza de los vientos

Y el calor de la ternura”




Ah ! é o rádio da minha filha.

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