Apenas tratando dos canteiros do quintal. Sempre varrendo para o quintal do vizinho.



“ E como pessimista e filósofo nebuloso o arrumaram, ele que é a própria imagem da vida activa, da juventude, do inconformismo, da provocação, da coragem – qualidades incómodas – que é preferível deixar no esquecimento por troca com o poeta amargurado, que ele também foi, mas inofensivo, um entre tantos, neste pais de poetas, com um lugarzinho garantido nos compêndios escolares e na cultura geral” de Ana Maria Almeida Martins no prefácio aos Sonetos de Antero de Quental.



O sonho de alguns escrevedores de profissão é serem catalogados numa das duas extremidades da fama: Ou “visionário-acutilantes”, ou “lírico-decadentes”.



E a poesia é muitas vezes um mero refúgio ou estratagema. Disfarçada de encantamento. Balelas que, a maior parte das vezes, nem sequer ocupam a largura da folha, quanto mais a largura da alma. Quanto mais envenenarem o mundo.



Às vezes só mesmo uma "informed guess"- “person” me pode ajudar a “superar” das majoretes de metáforas e dos O’Neils de pandeireta.



Mas digam lá se não gostavam de ter escrito “isto” ao raiar da manhã:



O que trazes ao mundo em cada aurora?

O sentimento só, só a consciência

Duma eterna, incurável impotência,

Do saciável desejo que o devora

....

E é esse aroma lânguido, e profundo,

Feito de seduções vagas, magnéticas,

De ardor carnal e de atracções poéticas,

É esse aroma que envenena o mundo




A. de Q. sonetos ( excertos do Hino da manhã)



Estou a precisar é doutra Quaresma rápido. Esta parece que passou ao lado.

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