O novo dicionário não ilustrado encanta-se com os “suaves engajamentos” ( na lista de links ). Tentando ajudar o resto do batalhão a marchar em condições, propõe a seguinte arregimentação para que não se troque o passo da marcha:( entradas 297 a 317)



Romantismos

Esquerda I– Tem os sentimentos à flor da pele. Saem geralmente flagelados pelo contacto com a realidade.

Direita I– Tem os sentimentos no sangue. Em regra só acabam por encontrá-los quando vão retirar a seiva para as análises (políticas).



Preocupações

Esquerda II– O desemprego deixou de ser uma preocupação social para ser uma preocupação pessoal.

Direita -II Na impossibilidade técnica de terem preocupações sociais, o desemprego passou a ser um mecanismo de regulação que deve ser acarinhado



Orfandades

Esquerda III– Tem apenas o "bush" e falta-lhe o "estica". As paródias começam a sair-lhes mais sensaboronas e com ligeiro sabor a resignação

Direita III– Só com um Lula a sério para fazer a caldeirada, não conseguem nem demonstrar, nem ameaçar, nem prometer que estaremos próximos do “fim do mundo em fio-dental”



Tecnocracias

Esquerda IV– Prepara cuidadosamente as soluções, para depois escolher os problemas que mais se lhes ajustam

Direita IV– Adapta criteriosamente os problemas para receberem as soluções do costume.



Obsessões

Direita V– Pega nos paradigmas revolucionários, que pede emprestados à esquerda quando esta os pode dispensar, e metaboliza-os em medidas cirúrgicas.

Esquerda V– Sublima os paradigmas conservadores, depois do seu devido recalcamento face à neurose de inveja, e evapora-se no pragamatismo em fervura.



Subversões & Conspirações

Direita VI– Os explorados são agentes secretos da mediocridade e os exploradores são fogo amigo. Mata-hari é o mercado em versão drag-queen.

Esquerda VI– A luta de classes é amamentada e acarinhada por compromissos históricos. A ética revolucionária propõe que se use o poder como barriga de aluguer.



Estéticas

Esquerda VII– Como se considera guardiã da expressão artística, nunca troca um bom drama por uma boa perspectiva.

Direita VII– Como se considera guardiã do património, nunca troca uma coluna coríntia por um teatro ao ar livre.



Penitências

Direita VIII– O corpo acompanha bem as amarguras da alma. Limpa os seus pecados utilizando os transportes públicos para se passear entre as estações dos preconceitos e os apeadeiros da caridade.

Esquerda VIII– Não distinguindo a alma do corpo, acaba por não sofrer. Limpa os poucos pecados que reconhece, no molho da saponária do discurso



Turbulências geracionais

Esquerda IX- Os filhos moderados amancebaram-se definitivamente, e os avós radicais estão numa crise de nervos a mudar o testamento à pressa. A corja de herdeiros acotovela-se - em “bloco” - à espreita duma assinatura moribunda.

Direita IX– As novas castas mais castas ainda agora saíram da poda e, coitados, já lhes estão a espremer o bago sem piedade. Os novos “cavernáticos-sabichons” estão às “Portas” da adega, mas não os deixam misturar-se com as velhas “periquitas”. Entretêm-se a ver a “Bela e o Mosto” na 2ª fila.



Trabalho sujo

Esquerda X– Encomenda-o à direita.

Direita X– Fá-lo com gosto, mas exige à esquerda pré pagamento.

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