Aparentemente acossadas pela pressão de tanta mulher magra e
bonita, algumas forças vivas da moda feminina dedicam-se agora a explorar criativamente
o terreno das mulheres gordas e estriadas. Tentando aproximar-se duma tal de
mulher média, apresentam-nos espécimes-para-desfilar robustas mas, como se não
bastasse, também disformes, de pele irregular, desproporcionadas, como que
assinalando, num cristianismo-de-passerelle, que a mulher média é badocha mas
também é filha de Deus. E mais, julgando que a mulher badocha ao ver outras
badochas a fazer de modelos, sentir-se-á mais consolada e correrá que nem louca
a comprar orgulhosamente merdas que lhe deixem o corpo disforme em exibição.
Uma coisa será diversificar os cânones de beleza, ir
habituando o olhar do consumidor a outros padrões de beleza, outra coisa bem
diferente é expor mulheres disformes e feias como que banalizando a beleza do
corpo, num miserabilismo a cheirar a misericórdia requentada.
Fazer da desproporção arte é uma coisa, fazer dela um
palhaçada de moda aproxima-se duma nova modalidade de circo. O homem-bala virou
gorda-de-passerelle.
As mulheres que forem nessa conversa são burras e merecem
ficar mais badochas e com casca de laranja para sempre.