Simão Bivalves sempre fora um
reformista da primeira hora. Vivera torturado pelos desmandos e manobras
daquele que ficaria sorbonianamente especializado em tortura, e encontrara em
Passos Coelho uma espécie de vamos-lá-ver-se-dá, tipo chave de fendas em
promoção. Habituado a escarnecer e a elogiar, com uma discricionariedade da
família dos pequenos caprichos, Simão punha-se agora a jeito para servir de
mais um alibi ideológico a uma bateria de testes chamada pomposamente governo
de salvação com troika em opção.
Pau para toda a colher,
arrastou-se de gabinetes em gabinetes, tentando vender-se como eminência parda
mas pago a preço de conselheiro laranja. Andou próximo do poder e sentiu-se
recompensado por aquela sensação pirilâmpica de quem está tão próximo da luz que
se julga ser interruptor.
Emprestou a alta verve, a média cultura
e a baixa vergonha ao serviço do desdém olímpico e da cumplicidade banana,
contradisse tudo o que já tinha dito com a limpeza típica das superioridades de
ocasião, e ganhou referências que nunca sonhara sequer ter que suportar num grupo
de sueca de reformados.
Inchou com o vento que teve à mão
e desinchou com as picadelas dos ouriços do poder, esbracejando que não se pode
ser maquiavel com medicis estragados.
Simão Bivalves dedica-se agora a mostrar que
afinal sempre foi um espirito livre. Da mesma fora que nada prende o diáfano flato ao
espasmódico colón.
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