Não houve outro modelo como o Rebelo


Durante mais de 20 anos Rebelo Alves foi mexilhão de 1ª na costa de Peniche. Chegado ao momento de decidir qual seria o seu legado à Bibalvidade escolheu entregar-se às ciências sociais; foi inclusive mais longe, apresentou-se logo na Academia e endereçou-lhes o convite: experimentem-me desde já. Os cientistas sociais esfregaram as mãos de contentes face ao inesperado brinde e pediram a Rebelo Alves para comparecer todas as terças num tuperware em tons branco esperma com tampa verde ranho. 

Numa primeira abordagem, um grupo de empíricos recreativos injectou em Rebelo uma pensão de reforma com molho de estragão e mandou-o três meses para ser cheirado pelos clientes do vila joya. Depois de ter sido exercido o contraditório com um par de ameijoas gémeas em bulhão pato, a modelação concluiu que a curva de interferência do dente de alho apresentava uma derivada superior ao esperado quando o rácio do coentro entrava na sua maturidade específica e convencional. Tirada a conclusão de que o mexilhão estava pronto para a vinagrada foi entregue a dois economistas especializados em resgates de coentrada em dó sustenido. Posto o nosso Rebelo numa caçarola untada em manteiga de Azeitão rapidamente apresentou fungos ao primeiro contacto com a gordura; o modelo começa a explodir de alegria, confirmara-se a adaptação do mexilhão à carência e tratava-se agora de juntar berbigões e cadelinhas esfregando-lhes com o exemplo mexilhânico nas trombas. Não se encontrando tromba nos ditos bibalves foi definido pelo modelo que onde não há tromba há crescimento sustentado. Entusiasmada a academia, passou a entsuiasmada num salto de co-variância, e  foi decretada a estabilidade do mexilhão em ambiente de salmoura controlada, mas onde em vez do sal poderia ser usada urina de toiro lidado em praça.

Agora celebridade de laboratório, o nosso mexilhão Rebelo passou a ser presente mensalmente à análise da grande reunião dos Conselheiros da Mexilhânia. Entre ais e uis académicos os conselheiros começaram por avisar de que não se podia temperar assim o mexilhão-modelo como se ele fosse ânus para toda a sodomia, haveria que deixar repousar o lombo do bibalve de vez em quando. Foi então decidido em reunião plenária que Rebelo Alves teria direito a passar 2 dias por mês num viveiro de berbigonas podendo aí extravasar-se au naturel. No caso de passar o exame periódico da Alta Autoridade para a Molhagem do Pão, poderia até praticar livremente o ostrassismo, que consistia em se encavalitar num par de ostras livres de econometria.

Depois de 3 anos entre molhangas estatísticas Rebelo achou que tinha chegado o momento de adornar alguém que o merecesse, e entregou as suas conchas a um ourives da Cedofeita, que as envolveu em folha de oiro e despachou para o pescoço de uma baronesa do gás transcaucasiano, alérgica a abcissas mas boa consoladora de chouriças.

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