Necrologias exemplares


Faleceu de morte súbita, à primeiras horas do dia de hoje, o escritor Dário Carneiro que contava com 61 anos. Com uma vida dedicada a elevar a ficção a patamares e alçapões pouco experimentados pela ficção nacional, Dário teve no seu último romance 'Infernizar' , editado pela Choco com Tinta, um êxito de vendas que o levou a ser traduzido em mais de 20 línguas, 5 dialectos e 3 sotaques. Iniciou a sua carreira como promotor de vendas na Rosicler, mas rapidamente os seus contos foram notados por Nelson Barbosa, o famoso editor da saudosa Cacimba, que o trouxe para a ribalta e que culminou com a atribuição do prémio Pingo Doce das Letras em 2013. Pelo meio ficou a sua turbulenta relação com Custódia Passos (a autora do agora reeditado 'Sorte Macaca') que provocou o suicídio desta, num caso ainda por explicar e que envolveu o estranho desaparecimento da pilinha de Flávio Cossaco. A sua obra influenciou bastantes romancistas e produtores de folhetos de promoções da nova geração de cartões de pontos, e na academia também era olhado com admiração por todos os quadrantes e bissetrizes. Era muito cuidadoso nas suas entrevistas, recusando-se sempre a ser filmado de estômago vazio (dizia que era o espelho da alma) e sempre foi um menino amado da crítica que chegou a chamar-lhe o Bisonte das Letras, pela forma apaixonada, (ou obstinada, conforme a zona que o corno atingia) como defendia as suas figuras de estilo, das quais acabou por ser escolhida esta para epitáfio: 'Agora dei nisto'.

notícia publicada no Semanário Vénus, em Novembro de 2014

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