Não somos uma nação de gloriosos decadentes. A nossa força não vem do desespero, nem duma euforia da miséria ou catarse de declínio. O horizonte atlântico presta-nos um serviço à alma. Acarinhamos valores para literaturas de segunda, mas honestas, mimosas, fundámos o idealismo das delícias. Fazemos coisas queridas, temos sentimentos bonitos, decoramos as ansiedades com as saudades e as melancolias, polvilhamos com um ou outro acinte mas nada que ensurdeça o ouvinte, e vestimos o orgulho de pantomina ou de solidão. Todos temos uma guterronhice dentro de nós e a nossa tristeza será sempre alegre, sempre destriste. Não trabalhamos com motores de explosão, se precisamos de energia fazemos das tripas coração e depois amamos com unhas e dentes. Não temos hábitos, não temos costumes, a visão do mar infinito dá-nos esse mínimo de estabilidade que precisamos, chegam-nos e sobejam-nos as marés para marcar o tempo. Não contem connosco para modernidades, racionalizações, cosmopolitanismos, a nossa maior rebeldia é sabermos todos os códigos da piscadela d'olho, o nosso maior segredo é o pregão duma varina. Dêem-nos dois foda-se's e levantaremos o mundo. Não somos conformistas, nem reformistas, nem revisionistas, nem sequer alarmistas, apenas gostamos de estar sossegados e ao mesmo tempo dar nas vistas. Estar à beira mar é destino, condição, parolice, sonho, mania, refúgio, ilusão, realidade. A nossa vanguarda é uma esplanada.
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1 comentário:
Weimar fez melhor. Regou convenientemente a pança e o Céu torna-se subitamente deles depois de belas emborcadelas. A verdade, sabe, é que não sei se isto que digo carece da famigerada verdade histórica. Estou-me literalmente a foder para o assunto.
A este belo post caí estatelada no seu título e não resisti a relembrar-me dessa bela República Weimar. Pura inclinação rimático-literária. Pouco mais. Para além do mais, casaria com um germano ou qualquer outro macho sexualmente bem nutrido do Norte da Europa.
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