Convite para uma beatificação
Pega-se num rico devidamente catalogado, verifica-se o prazo de validade (há muito rico que pensa que é rico mas que já não é rico) e põe-se a marinar num stress test de carmelitas descalças durante uma semana. Depois de devidamente convencido que tudo se deveu um inapropriado aproveitamento do mecanismo de luta de classes coadjuvado por uma lua cheia que se focou inadvertidamente no seu rabo, inicia-se o processo de culpabilização. A passagem do estado de bafejado para o estado de culpado é crítica e não deve ser exagerada pois há risco de estorricar (já se verificaram casos em que o rico passou de grande paio a grande bosta sem passar por ser apenas grande besta). Uma boa culpa é absolutamente essencial e precisa de: emagrecimento, flacidez facial e rigidez de articulações; o enbranquecimento de cabelo é opcional pois pode confundir-se com a mera preocupação. A entrada na fase do arrependimento deve vir acompanhada de algum estigma público, em muitas situações basta uma caganita de pássaro na moleirinha, no caso de não estar disponível a clássica mijadela de cão nas calças. O arrependimento dá-se por terminado quando o rico ulceriza o seu património em duas ou três oenegês off-shores incensadas regularmente por dominicanos encartados. Quando o património já assume a forma de custódia benzida chega o momento da martirização. Um bom mártir precisa de começar por saltear primeiro com um rechonchudo molho de bróculos em lume brando e finda esta fase, já com a cor rosadinha, vai ao forno e serve-se numa fundação em porcelana ming, com os restos a virem repousar em relicário de madeira de teca, tão leve como uma taxa liberatória.
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