gêum

Finalmente estou só. A grande questão para quem está só é descobrir se abandonou ou foi abandonado. Não há tema mais rico para uma consciência do que este de elaborar e fabular sobre a sua solidão. Melhor que a culpa, melhor que o arrependimento, melhor que o remorso, melhor que a inveja ou a vaidade, o abandono é o príncipe de todos os conscienciosos. Nada alimenta de forma tão proteica uma solidão do que deambular sobre o caminho que nos levou a ela, balancear entre vitima e carrasco, sorver em simultâneo das benesses que nos permite o determinismo e das virtudes do voluntarismo. O nosso destino e o nosso livre arbítrio juntam-se harmoniosamente na alma de quem está só. Hoje distraio-me assistindo ao grande espectáculo da minha consciência, deixando-me encadear por aquele foco milagroso que mostra o bem a vencer o mal nem que seja à tangente.

3 comentários:

maria disse...

então e o verso?

beijinho

Anónimo disse...

"[...] O amor é um nome. É um corpo. Uma luz. Uma cruz. Uma dor. Uma cor. É a pele de um sorriso."

Joaquim Pessoa, in "Ano Comum" (2011)

C. (moi même)

aj disse...

Minhas santas... homem que se sinta requisitado pode tornar-se imprevisível... vou tratar do assunto.

beijinhos