Venhas contentamento muito embora, Dar-te-á meu coraçaõ hoje aposento, Que pois que sempre o foi de meu tormento, Bem é que o seja teu somente um hora;
Verás um coração tam triste agora, Que nunca soube ver contentamento, E como está de posse o sentimento, Então menos o sente quando o chora:
Mas se a Fortuna quer que eu goze um bem, Porque me quer com ele fazer mal, Pode comigo já desenganar-se,
Que quem ventura, sem ventura tem, Se se val dela & cuida que lhe val, Não tem cousa mais certa, que enganar-se.
«Laurea», em Das Ribeiras do Mondego (Livro Primeiro), Elói de Sá Sotto Maior. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1932.
2 comentários:
Venhas contentamento muito embora,
Dar-te-á meu coraçaõ hoje aposento,
Que pois que sempre o foi de meu tormento,
Bem é que o seja teu somente um hora;
Verás um coração tam triste agora,
Que nunca soube ver contentamento,
E como está de posse o sentimento,
Então menos o sente quando o chora:
Mas se a Fortuna quer que eu goze um bem,
Porque me quer com ele fazer mal,
Pode comigo já desenganar-se,
Que quem ventura, sem ventura tem,
Se se val dela & cuida que lhe val,
Não tem cousa mais certa, que enganar-se.
«Laurea», em Das Ribeiras do Mondego (Livro Primeiro), Elói de Sá Sotto Maior. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1932.
Uau! :)
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