Hoje o dicionário não ilustrado trouxe a crise financeira para o divã; na sua 1ª aparição publico-privada (mesmo sem ser parceria) do ano não poderia deixar de fornecer ao amável público um guia - mon Dieu, moi même, je fait un guide! - para nos conduzir pelas novas inquietações, ó inquietação inquietação, pois está um recalcamento a cada esquina e uma sublimação a cada algeroz, e a diferença entre uma boa neurose e uma enrabadela de elefante pode ser apenas derivada à altura do genuflexório. Entradas 1338 a 1346.
taxa de juro - constituinte básico do sonho eurótico; sem uma taxa, qualquer entrega carnal se pode perder nos meandros da vulgar relação amorosa que, como sabemos, faz com que ainda não terminado o investimento já estejamos a carregar com o valor residual.
politica orçamental - tipo de acto falhado em que a intenção se confunde com o destino.
reguladores - trata-se dum tipo de situação de domínio em que o falo, em vez de se sustentar num bom par de tomates, opta por umas bóias com patinhos.
rating - construção do inconsciente que revela a incapacidade do mercado em resolver o seu complexo de édipo, acabando por recorrer a uns pais de aluguer.
proteccionismo - espécie de pulsão de transição que se instala na zona alfandegária do inconsciente e que geralmente aparece quando estamos quase a esgotar as reservas do super-ego.
fundo de estabilização - depósito onde as fantasias se podem resgatar sob a forma de obsessão ou de histeria, e a devolução é sempre em forma de melancolia.
solvabilidade - tipo de alucinação cinestésica em que parece que a nossa carteira se está a encher mas afinal é só o quisto a mudar de posição.
dívida - máquina de sintomas que representa a paz provisória entre a inconsciência da posse e a pulsão do calote.
Liquidez - mecanismo estabilizador do movimento de vai-vem dos recalcamentos e também denominada na gíria dos especuladores da psique como o 'narcisismo dos mercados'.
2 comentários:
"you justify my love" com esse dicionário seu.
beijos
lavizoliunid
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