O comunismo é algo que se vive de forma religiosa, tribal e virulenta. Por isso, a categoria dos ‘ex-comunistas’ é algo que merece ser estudado convenientemente. Tiques, vícios, rotinas, complexos. Como lidam com eles, como os camuflam, como lutam constantemente para ainda salvar qualquer coisa de decente do seu traumático passado num cocktail de arrogância e impiedade.
Pelo facto do comunismo em Portugal ter assumido um relevo sociológico ímpar na Europa Ocidental (talvez só comparável em dimensão com o fenómeno Berlingueresco de Itália) é por cá que se encontram alguns dos exemplares mais elucidativos deste fenómeno de mutantes da manipulação psicológica e terapia de carácter.
Todos os ex, sejam eles do que forem, transportam simultaneamente uma força e uma fraqueza. Incapazes das separar como água e azeite, refugiam-se numa pose de posse inflexível da verdade, pois sem a verdade seriam, agora e sempre, incapazes de respirar. Vivem assim a chamada tragédia da posse da verdade. O chão que pisam e o ar que os penteia continuam unidos pela estratégia dialéctica da superação.
Sobreviventes duma submersão utópica quase todos alimentam uma obstinação: vingarem-se da dúvida que nunca os acarinhou no momento certo, nunca os trincou quando ainda eram tenrinhos.
A sociedade, que foi incapaz de lhes criar campos de desconcentração, tenta absorvê-los agora como bolsas ecológicas de convicção, rigor, trabalho e seriedade. Mas os que foram treinados para guardiões dum mundo de condicionamento histórico, dificilmente saberão viver de forma saudável quando a história lhes exige apenas um pouco de desconfiança e bons modos.
Pelo facto do comunismo em Portugal ter assumido um relevo sociológico ímpar na Europa Ocidental (talvez só comparável em dimensão com o fenómeno Berlingueresco de Itália) é por cá que se encontram alguns dos exemplares mais elucidativos deste fenómeno de mutantes da manipulação psicológica e terapia de carácter.
Todos os ex, sejam eles do que forem, transportam simultaneamente uma força e uma fraqueza. Incapazes das separar como água e azeite, refugiam-se numa pose de posse inflexível da verdade, pois sem a verdade seriam, agora e sempre, incapazes de respirar. Vivem assim a chamada tragédia da posse da verdade. O chão que pisam e o ar que os penteia continuam unidos pela estratégia dialéctica da superação.
Sobreviventes duma submersão utópica quase todos alimentam uma obstinação: vingarem-se da dúvida que nunca os acarinhou no momento certo, nunca os trincou quando ainda eram tenrinhos.
A sociedade, que foi incapaz de lhes criar campos de desconcentração, tenta absorvê-los agora como bolsas ecológicas de convicção, rigor, trabalho e seriedade. Mas os que foram treinados para guardiões dum mundo de condicionamento histórico, dificilmente saberão viver de forma saudável quando a história lhes exige apenas um pouco de desconfiança e bons modos.
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