Parece-me evidente que o beicinho continua a ser uma manifestação ergonómica da personalidade bastante desvalorizada, se não mesmo injustamente desprezada. Apesar de devidamente apreciada nos exemplares ainda em período de iniciação mamífera, tido inclusive como um dos primeiros esgares de maturidade emocional (o correspondente ao peidinho na maturidade gástrica), o beicinho vai posteriormente perdendo o seu valor iconoclástico e ficando remetido para um simbolismo decadente quase pedo-académico.
Encaro assim a privação do beicinho no humanóide adulto como uma das mais significativas catástrofes culturais e antropológicas, bem ao nível de outras privações mais célebres, seja na literatura, seja mesmo na vida.
O movimento clássico do beicinho (que deve ser devida e esteticamente diferenciado da boquinha de canastrão cinematográfica, género bruce willis quando inspecciona os disjuntores no assalto ao arranha céus) incorpora dois constituintes fundadores da fisionomologia criativa: a extensão e a curvatura, e que exigem análise sucinta mas separada.
A ligeira expansão à proa que a zona labial revela neste processo reflecte, geralmente, o grau de insatisfação instalado. Se a insatisfação apresentar uma tal relevância que a coloque já em níveis técnicos de tristeza, o movimento de extensão beiçal terá tendência para exibir algum vibrato, distanciando-a assim de forma decisiva do mero amuo, que na gíria se chama de beicinho d’anjo. As personalidades mais dadas à complexidade afectiva costumam igualmente incorporar neste movimento a retracção das zonas de contacto labial (leia-se a parte inferior do lábio superior e a parte superior do lábio inferior) provocando uma ilusória figura de insuflação, mas que nunca quer significar, e jamais confundir-se, com o corriqueiro enfartamento.
Mas julgo ser na gestão da curvatura onde se encontra a verdadeira pedra de toque do beicinho. Trata-se duma váriavel critica numa fórmula facial de excelência. Nem em excesso, o que poderia facilmente descambar semioticamente em displicência, nem em defeito, pois poderia assemelhar-se a um sorriso em fase de amarelamento, a curvatura do beicinho deve desenhar um arco ainda típico de fase pré-gótica, deixando bem claro que estamos perante um momento crucial da interioridade, durante o qual se intersectam na alma os sentimentos mais nobres com as sensações mais desesperadas.
É pena que dentro dos subprodutos da socialização e amadurecimento humanos também se tenha incluído a anulação da exibição serena dalguns dos nossos instintos mais profundos e belos. Sem o beicinho, o homem adulto perdeu assim um dos instrumentos de superlativa eloquência da expressão fisionómica da alma, colocando nos olhos, nas palavras, e nas erupções da pele todo o fardo comunicacional.
Encaro assim a privação do beicinho no humanóide adulto como uma das mais significativas catástrofes culturais e antropológicas, bem ao nível de outras privações mais célebres, seja na literatura, seja mesmo na vida.
O movimento clássico do beicinho (que deve ser devida e esteticamente diferenciado da boquinha de canastrão cinematográfica, género bruce willis quando inspecciona os disjuntores no assalto ao arranha céus) incorpora dois constituintes fundadores da fisionomologia criativa: a extensão e a curvatura, e que exigem análise sucinta mas separada.
A ligeira expansão à proa que a zona labial revela neste processo reflecte, geralmente, o grau de insatisfação instalado. Se a insatisfação apresentar uma tal relevância que a coloque já em níveis técnicos de tristeza, o movimento de extensão beiçal terá tendência para exibir algum vibrato, distanciando-a assim de forma decisiva do mero amuo, que na gíria se chama de beicinho d’anjo. As personalidades mais dadas à complexidade afectiva costumam igualmente incorporar neste movimento a retracção das zonas de contacto labial (leia-se a parte inferior do lábio superior e a parte superior do lábio inferior) provocando uma ilusória figura de insuflação, mas que nunca quer significar, e jamais confundir-se, com o corriqueiro enfartamento.
Mas julgo ser na gestão da curvatura onde se encontra a verdadeira pedra de toque do beicinho. Trata-se duma váriavel critica numa fórmula facial de excelência. Nem em excesso, o que poderia facilmente descambar semioticamente em displicência, nem em defeito, pois poderia assemelhar-se a um sorriso em fase de amarelamento, a curvatura do beicinho deve desenhar um arco ainda típico de fase pré-gótica, deixando bem claro que estamos perante um momento crucial da interioridade, durante o qual se intersectam na alma os sentimentos mais nobres com as sensações mais desesperadas.
É pena que dentro dos subprodutos da socialização e amadurecimento humanos também se tenha incluído a anulação da exibição serena dalguns dos nossos instintos mais profundos e belos. Sem o beicinho, o homem adulto perdeu assim um dos instrumentos de superlativa eloquência da expressão fisionómica da alma, colocando nos olhos, nas palavras, e nas erupções da pele todo o fardo comunicacional.
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