Mas só a verdade é revolucionária, já se sabe.

Antoni Tapiés

Os únicos homens verdadeiramente invejados pelos seus pares – leia-se, os outros homens - são os que têm sucesso com as mulheres. Aquele je ne sait quoi que transforma um simples macho num – inexplicável - objecto de desejo da fêmea será sempre o maior murro no estômago do orgulho dos outros machos que não estimulam tal gulosa reacção. Regra geral o macho comum resigna-se, («não sei o que é que aquele gajo tem que as gajas ficam todas pelo beicinho») pois este superlativo e genuíno tipo de inveja masculina – o mais entranhado e corrosivo - só é passível de ser gerido na discrição semi-complexada do silêncio e na mais falsa indiferença. Nenhum homem de bolbo raquidiano saudável e anatomicamente equilibrado é capaz de assumir à boca cheia esse atroz sentimento de inferioridade: «o que é que aquele cabrão tem que eu não tenha», é uma expressão que, neste caso, não pode passar sequer da zona da baixa laringe. Dinheiro, poder, talento, nada disso produz mais cobiça que a capacidade de seduzir e atrair as mulheres. Mesmo que depois não se soubesse o que fazer com elas.

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