Bailoutame mucho

Considerando que a mera soletragem de BPP já dá ares de cuspidela de pêlo púbico (pêlo de cona, como se diria na literatura moderna), considerando que dizer mal de Maria de Lurdes seria dos poucos assuntos que ainda manteria Mario Lino acordado, – juntamente com o sorriso de Mariano Gago – e considerando que há vários ministros de que já ninguém sabe o nome a não ser que inaugurem salas de desfibrilação no museu berardo, considerando isto tudo por atacado ou separado, julgo que actualmente os conselhos de ministros se devem resumir a sequelas de sketches humorísticos. Sócrates gesticula com a mãozinha a fazer pose de cancela de passagem de nível, Pinho faz de Paulo Bento recomendando pia e epidurálica tranquilidade aos agentes económicos, e um outro qualquer avia um ‘vai mas é trabalhar’ ao Pinto Ribeiro, articulando aquela fala de boca a mastigar ranho de urso pardo, enquanto o Luis Amado (haja quem) sibila com o seu ar diplomaticamente enjoado o já canónico 'não havia necessidade' entre duas afagadelas de melenas. Antigamente ainda se governava para as notícias, mas hoje governa-se para as piadas. Hoje olha-se para um político e imagina-se automaticamente uma cena gaga: saímos da sociedade mediática e entrámos na sociedade da chalaça; um banqueiro falido lança um manual de gestão de fortunas no dia em que se deixa bailoutar, um ministro que se demitiu quando caiu uma ponte faz-se presidente duma empresa de obras públicas, um conselheiro de estado trafica desculpas com um vice-governador dum banco central, até os lampiões voltam ao 1º lugar da liga; olha-se para a realidade e já não se descobre às primeiras onde começa a anedota e onde acaba a desgraça.
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(imagem de palhaço de Bernard Buffet)

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