Sai uma gran cruz da ordem do bambino d’oiro

Sócrates, temendo que a conjuntura internacional ainda desemboque numa conjuntivite, decidiu tratar de garantir desde logo que o seu nome ficava definitivamente na história. Assim, pediu uma audiência ao Provedor dos Leitores de Livros de História, procurando fazer valer já a sua obra de grande estadista que, inclusive, fala com zapatero ao telefone:

Sócrates – Sr Provedor julgo que ficávamos todos mais sossegados se o meu nome pudesse já entrar para a história, estou a ver a coisa preta e não tarda o meu lugar ainda é ocupado pela Maddie ou pelo Cristiano Ronaldo.

Provedor dos leitores de livros de história – Sr Sócrates, para uma primeira análise, quais são as suas principais realizações , algo que o distinga mais que o Mário Crespo, ou o Nuno Rogeiro, ou o Nicolau Breyner, por exemplo?

Sócrates – Bem, em primeiro lugar eu consegui manter o Manuel Pinho mais tempo em ministro do que 10 períodos máximos para interrupções voluntárias da gravidez e sem ter de o pôr num frasquinho de liquido amniótico…

Provedor – Parece-me obra, sim senhor, mas repare que até o manchester united aguentou o Carlos Queirós mais de 3 anos…

Sócrates – Olhe, por exemplo, em menos de uma legislatura, ganhar um referendo ao César das Neves e à Laurinda Alves, fechar o Galeto, pôr o Sousa Tavares a fumar no passeio e praticamente levar os paneleiros ao registo civil, já é coisa ao nível duma padeira de Aljubarrota, ou ainda não?...

Provedor – Bem, para começo de conversa já me parecem atributos válidos, mas assim ao nível das façanhas mais imprevisíveis, o que me destaca o caro candidato a figura de livro de história?

Sócrates – Tirando o facto do Mário Soares que já era um vaca sagrada e que eu transformei numa múmia de companhia da Clara Ferreira Alves, julgo que pôr o Armando Vara administrador da Caixa e depois do BCP é uma façanha ao nível dos descobrimentos, ou mesmo do pastel de nata, não acha?

Provedor – Confesso que estou quase a confundi-lo com o Diogo Cão depois de dobrar o Bojador…

Sócrates – Se fosse agora já nem era preciso dobrar primeiro o Bojador: ia logo tudo a eito, tipo circunvalação-simplex, aliás, faltou-me destacar o Simplex! é verdade, valha-me Deus, e inclusivamente ainda vão beatificar o Nuno Alvares Pereira! Já não tenho nada a provar à história, repare que há anos que andam para tentar beatificar uns putos a quem até Nossa Senhora apareceu e eu agora em três tempos estou quase a conseguir fazer beatificar um gajo que só era conhecido por arrear nos espanhóis!

Provedor – Humm, e diga-me, ao nível daquelas reformas que marcam uma geração, o que tem para apresentar?

Sócrates – Ainda bem que me dá esta oportunidade porque nesse domínio eu fui verdadeiramente inovador: eu inventei as Reformas moulinex…

Provedor – Como tal…

Sócrates – Repare, é assim: arranja-se primeiro um problema estrutural, género a saúde, ou a educação; depois, por exemplo, pega-se na avaliação dos professores, junta-se a segurança à paisana nas escolas, e acrescenta-se uma pitada de coeficientes de aproveitamento e: um-dois-três, bzzzzzás, já está! É um instantinho! Olhe, destas já fiz uma dúzia, só me falta a justiça, mas aí se calhar tenho de ir para a Bimby porque o Marinho Pinto tem muita cartilagem.

Provedor – E diga-me, sr Sócrates, tem algum pecadilho negacionista no seu currículo?

Sócrates – Houve de facto um caso relacionado com um exame ao domicílio de inglês técnico, e tenho de lhe confessar, depois desta confusão, já nem eu próprio sei se sou engenheiro, mas, pelo sim pelo não, já mandei fazer um aeroporto, um tgv, um hotel ao pé da torre de Belém e um jazigo na rua de s. Caetano à Lapa, o Duarte Pacheco ao pé de mim vai parecer um Presidente da Junta.

Provedor – E agora que lembra, o que tem mais a destacar de especial no que concerne ao património que nos vai legar?

Sócrates – Aí sim, tenho de confessar, nos legos nunca fui muito forte, mas carrego uma espinha atravessada na garganta, tentei eleger para as novas maravilhas do mundo umas marquises em azulejos ali prós lados da Guarda mas foram preteridas para umas merdas do machu picchu, ou lá o raio que é aquilo que nem faz esquadria, nem nada.

Provedor – E não há mais nada que gostasse de destacar e que julgue determinante para a decisão sobre a sua inclusão nos livros de história?

Sócrates – Eu julgo que a questão do jogging devia ser devidamente valorizada… Um dia podemos precisar todos de cavar daqui para fora e depois não digam que eu não falei do cardio fitness. No fundo, 'Fia-te nessa e não corras' foi sempre o meu lema para enfrentar as crises e as manuelas.

2 comentários:

Anónimo disse...

achei uma peça fraquinha e, além disso, na sequencia das reformas moulinex da educação pedia-se uma referência ao molho bolonhesa.

a falta de uma piada ao mário lino e ao jorge coelho também me parecem imperdoaveis.

Vejo-te melhor a falares do gineceu do picheleiro

mas continua,

Felix M.

Anónimo disse...

concordo em número, que não em género, com o Félix. A continuar assim ainda acabarei por achar melhor voltar aos morrones.

C.