Mal ficaria contudo se eu não me referisse ao valioso contributo que Eric von Tooze prestou ao conhecimento dos mecanismos de construção dum inconsciente equilibrado. Teve bastante destaque académico a sua tese relativa às fases do recalcamento: «na 1ª fase puxa-se o inconsciente para fora, numa 2ª fase limpam-se as suas zonas adiposas por fatias, numa 3ª fase puxa-se o recalcamento com jeitinho até à beirinha, e finalmente, na 4ª e última fase empurra-se outra vez todo o conjunto para dentro até ficar bem rente». Este processo permite que o recalcamento fique alojado numa cavidade própria e assim, ao retornar, no processo da análise, não venha a entrar em contacto com as zonas mais irrigadas pela fonte líbida que lhe poderiam provocar algumas manchas de gordura.
Esboço para ‘Inconsciente fatiado com manchas de recalcário’, Eric von Tooze, lápis viarco, colecção da Fundação Skip
Finalmente, Eric von Tooze acabaria também por se dedicar a desenhar inconscientes de artistas célebres; deixo aqui, a título de exemplo, um desenho de 1947 tentando ilustrar o inconsciente de Paul Klee depois de ter cuspido uma espinha de sardinha entre duas associações livres com anchovas.
‘O inconsciente – um caso Kleenico’, Eric von Tooze, lápis ikea, colecção da Associação de Socorros a Náufragos da Ilha de Man
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