E se calhar eu também não escrevia um romance histórico.
Basicamente D. João não tinha casado com dona Filipa de Lencastre mas sim com uma prima que era cozinheira em Azeitão e vendia tortas para fora. Assim, em vez da ínclita geração acabaram por parir 5 moços dados ao folguedo e à comezaina. O Pinhal de Leiria foi transformado, não numa reserva de madeira para barcos, mas sim numa grande zona protegida para piqueniques, o que incentivou a primeira importante descoberta nacional: a tarte de pinhões com castanha e mel, e que assim inaugurou as exportações portuguesas para Europa, em troca do famosa perna de vitela de edimburgo, do leite creme e das camisolas de gola alta. Vai daí Fernão Lopes escreveu as suas famosas crónicas ‘como amaciar as claras em castela’, e um tal de Camões, que perdeu um olho com uma fagulha que lhe saltou dum churraso na Marinha Grande, escreveu o primeiro catálogo de promoções de fim de semana da agência Bartolomeu Dias.
O país vivia assim alegremente entre os rojões e o pão-de-ló, e eis quando um gajo chamado Cristóvão veio desafiar-nos com o lombo. Felizmente que o rei nessa altura era vegetariano e mandou o gajo ir assar frangos para a outra banda. E o gajo foi, só que quando chegou à Trafaria tresandava a robalo frito e ele, googlou a traineira, e abalou até à Florida.
Entretanto, através dum cunhado do Marco Pólo que era de Sezimbra, o Gengis Cã tinha comido um prato de choquinho frito e, como na digestão conseguiu bateu o record de desflorar 30 virgens de Sumatra seguidas sem ter de tirar as peúgas, decidiu oferecer a India ao rei Português que nessa altura já era conhecido como o rei de Portugal, dos ovos moles e dos d.rodrigos e estava desejoso de fazer uma opa às chamuças.
Na Índia a nossa ocupação foi benfazeja e duradoira, e foi nessa decorrência que se inventaram os saleiros, as molheiras e as terrinas para o ensopado de enguias, de tal forma que estas acabaram por se revelar um dos grande legados da Portugalidade. Já a nossa fama era de tal forma incomodativa, sendo mesmo o único povo para cá dos Urais que punha chouriço no caldo verde, que Napoleão se viu na obrigação de cá vir comer um bacalhauzinho à lagareiro, entretanto descoberto por um tal de padre António Vieira depois dum sermão aos peixes, que, premonitoriamente, chegaram a desabafar: «fodasse, quando este gajo se calar já só damos para conserva ou para salgar». Mas o francês deu-se mal com a acidez do azeite e bazou com um foie gras à frente e uma morcela de arroz atrás.
Mas ficaram mossas na mentalidade nacional por causa da influência do croissant, e o país dividiu-se entre os adeptos do rosbife e os amantes da sardinha assada. Vai daí ganharam os jezuitas, as barrigas de freira e os abades de priscos, e, não fora o terramoto, ainda viveríamos sem canela no arroz doce.
Depois há uma fase em que só o Vasco Pulido Valente está autorizado a falar, porque foi ele quem comprou os direitos ao Hermano Saraiva, mas que é dominada pelas iscas e pela entremeada - a picanha e a moqueca já tinham esgotado - e rapidamente se chega aquele período em que quiseram pôr o rei em vinha de alhos. Mas vai daí ele era muito culto e evoluído e pintava aguarelas em papel pardo, e decidiu ficar antes a amaciar em leite e farinha, e quando veio a 1ª guerra Portugal estava completamente preparado para viver apenas de empadão e bola de carne.
Passaram-se então os anos da ditadura do bitoque, ora com ovo, ora sem ovo, já se sabe, até que a 2ª guerra nos apanhou numa fase em que discutíamos se o símbolo nacional deveriam ser as queijadinhas de Sintra ou o pastel de feijão. Então, num momento de hesitação, é inevitável, uma voz mais decidida e sabendo fazer contas de cabeça chegou-se à frente e disse com vigor e determinação: é o puré de batata e não se fala mais nisso.
Viveu-se assim a que ficaria conhecida como a grande noite do tubérculo, que ainda teve uma luz de esperança quando um cozinheiro novo acenou com a primavera da castanha assada, mas terminou de forma convulsa com a revolução do bróculo, que fez o país viver anos de instabilidade, granel, e libertação do grelo; vivemos entre a gelatina e a baba de camelo, mas aos poucos o bolo rei começou a ficar com mais fruta cristalizada vinda de fora, chegou até a atrapalhar-se no goto de um dos pretendentes ao trono vindo da zona da amêndoa torrada, e lá nos fomos arrastando entre o banho maria e o caldo knorr, para hoje vivermos a meio caminho da dispensa e do galinheiro, governados por um merceeiro que se julga gourmet, à espera dum tupperware que nos conserve. Fodasse, ter o cabrão do d. João casado com a inglesa ou não, deu no mesmo.
Basicamente D. João não tinha casado com dona Filipa de Lencastre mas sim com uma prima que era cozinheira em Azeitão e vendia tortas para fora. Assim, em vez da ínclita geração acabaram por parir 5 moços dados ao folguedo e à comezaina. O Pinhal de Leiria foi transformado, não numa reserva de madeira para barcos, mas sim numa grande zona protegida para piqueniques, o que incentivou a primeira importante descoberta nacional: a tarte de pinhões com castanha e mel, e que assim inaugurou as exportações portuguesas para Europa, em troca do famosa perna de vitela de edimburgo, do leite creme e das camisolas de gola alta. Vai daí Fernão Lopes escreveu as suas famosas crónicas ‘como amaciar as claras em castela’, e um tal de Camões, que perdeu um olho com uma fagulha que lhe saltou dum churraso na Marinha Grande, escreveu o primeiro catálogo de promoções de fim de semana da agência Bartolomeu Dias.
O país vivia assim alegremente entre os rojões e o pão-de-ló, e eis quando um gajo chamado Cristóvão veio desafiar-nos com o lombo. Felizmente que o rei nessa altura era vegetariano e mandou o gajo ir assar frangos para a outra banda. E o gajo foi, só que quando chegou à Trafaria tresandava a robalo frito e ele, googlou a traineira, e abalou até à Florida.
Entretanto, através dum cunhado do Marco Pólo que era de Sezimbra, o Gengis Cã tinha comido um prato de choquinho frito e, como na digestão conseguiu bateu o record de desflorar 30 virgens de Sumatra seguidas sem ter de tirar as peúgas, decidiu oferecer a India ao rei Português que nessa altura já era conhecido como o rei de Portugal, dos ovos moles e dos d.rodrigos e estava desejoso de fazer uma opa às chamuças.
Na Índia a nossa ocupação foi benfazeja e duradoira, e foi nessa decorrência que se inventaram os saleiros, as molheiras e as terrinas para o ensopado de enguias, de tal forma que estas acabaram por se revelar um dos grande legados da Portugalidade. Já a nossa fama era de tal forma incomodativa, sendo mesmo o único povo para cá dos Urais que punha chouriço no caldo verde, que Napoleão se viu na obrigação de cá vir comer um bacalhauzinho à lagareiro, entretanto descoberto por um tal de padre António Vieira depois dum sermão aos peixes, que, premonitoriamente, chegaram a desabafar: «fodasse, quando este gajo se calar já só damos para conserva ou para salgar». Mas o francês deu-se mal com a acidez do azeite e bazou com um foie gras à frente e uma morcela de arroz atrás.
Mas ficaram mossas na mentalidade nacional por causa da influência do croissant, e o país dividiu-se entre os adeptos do rosbife e os amantes da sardinha assada. Vai daí ganharam os jezuitas, as barrigas de freira e os abades de priscos, e, não fora o terramoto, ainda viveríamos sem canela no arroz doce.
Depois há uma fase em que só o Vasco Pulido Valente está autorizado a falar, porque foi ele quem comprou os direitos ao Hermano Saraiva, mas que é dominada pelas iscas e pela entremeada - a picanha e a moqueca já tinham esgotado - e rapidamente se chega aquele período em que quiseram pôr o rei em vinha de alhos. Mas vai daí ele era muito culto e evoluído e pintava aguarelas em papel pardo, e decidiu ficar antes a amaciar em leite e farinha, e quando veio a 1ª guerra Portugal estava completamente preparado para viver apenas de empadão e bola de carne.
Passaram-se então os anos da ditadura do bitoque, ora com ovo, ora sem ovo, já se sabe, até que a 2ª guerra nos apanhou numa fase em que discutíamos se o símbolo nacional deveriam ser as queijadinhas de Sintra ou o pastel de feijão. Então, num momento de hesitação, é inevitável, uma voz mais decidida e sabendo fazer contas de cabeça chegou-se à frente e disse com vigor e determinação: é o puré de batata e não se fala mais nisso.
Viveu-se assim a que ficaria conhecida como a grande noite do tubérculo, que ainda teve uma luz de esperança quando um cozinheiro novo acenou com a primavera da castanha assada, mas terminou de forma convulsa com a revolução do bróculo, que fez o país viver anos de instabilidade, granel, e libertação do grelo; vivemos entre a gelatina e a baba de camelo, mas aos poucos o bolo rei começou a ficar com mais fruta cristalizada vinda de fora, chegou até a atrapalhar-se no goto de um dos pretendentes ao trono vindo da zona da amêndoa torrada, e lá nos fomos arrastando entre o banho maria e o caldo knorr, para hoje vivermos a meio caminho da dispensa e do galinheiro, governados por um merceeiro que se julga gourmet, à espera dum tupperware que nos conserve. Fodasse, ter o cabrão do d. João casado com a inglesa ou não, deu no mesmo.
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