Castelo de S. Jorge +1
Depois da conquista de Lisboa aos mouros, Afonso Henriques e Martim Moniz tomam uma ginginha em Alfama, enquanto não aparece o Nunes, e como não havia gente suficiente que soubesse ler para fazerem um referendo, decidiram traçar eles mesmo o Plano Estruturado e Integrado de Desenvolvimento Orientado e Harmonização Estratégica Concertada e Ordenamento Sustentado Sintética e Articuladamente Mormentemente (peidohecossam), dado que dom Cravinho tinha ficado com o cavalo atolado e preso a uma estaca numa zona húmida ali para os lados de Alenquer.
Martim Moniz – este castelo já não está em condições e eu acabei entalado na porra da porta, tendo até estragado o melhor colete que me tinha sido debruado por uma freira de Salamanca em folga de clausura
D. Afonso Henriques – teremos então de escolher uma localização para o nosso próximo castelo, algo que imponha respeito aos cabrões dos monhés e os leve a entreterem-se lá para as terras da toblerónia
Martim Moniz – eu acho que devíamos antes optar por um centro comercial, uma coisa assim de raiz ali no sopé da serra de Monsanto e que também entretenha a judiaria
D. Afonso Henriques – Não sei se não deveríamos fazer primeiro um anexo para cachorros quentes ali em Cacilhas para nos protegermos dum contra-ataque mais demorado
M. M. – isso é ser de vistas curtas, Alteza, nas terras de sua mãe já pensam em fazer os jogos olímpicos, e não tarda fumam porco preto, enquanto a gente ainda assa castanhas
A.H. – temos de precaver o futuro dos nossos filhos, MM, lá porque tu te entalaste numa porta não podemos estoirar já o dinheiro todo da bolota em escadas rolantes quando ainda nos falta fazer um mosteiro na batalha e uma torre nos Clérigos.
MM – Acho que aquela zona de Monsanto merece algo assim de bonzinho desde que um cunhado do Viriato foi apanhado com uma pastora ao pé de Queijas atrás duma carrinha de coiratos
AH – Mas essa zona de sopé é ambientalmente muito sensível, e há quem diga que daqui a uns anos ainda vão aí chocar pintos, o melhor, se calhar, é fazermos umas catacumbas no terreiro do paço, e se as dedicarmos aos santos inocentes ainda saco uma bula ao Papa
MM – Se quer os favores dessa gente o melhor é fazer com que Nossa Senhora dê cá um saltinho
AH – Isto não está fácil porque não temos nenhuma pista de aterragem em condições e a Santa Senhora ainda se pode magoar
MM – Então, antes de tudo, devemos começar por aí, a nossa prioridade neste momento devia ser plantar azinheiras ao pé do Entroncamento
AH – Tu está-te a passar ó Martim, se a N Senhora escolhesse uma árvore para aterrar seria sempre numa macieira para nos libertar do castigo de Eva, ou então numa figueira para acabar com a maldição
MM – fodasse ó Afonso, alteza do caralho, tu queres ver que ainda acreditas nessa merda, aquilo do Génesis é simbólico, porra, parece que ainda não desmamaste da Urraca!
AH – É nos símbolos que se constrói a nossa identidade, mas pronto fica já aprovado: não embarcamos em simbólicas asneiras, vamos plantar azinheiras. Seremos uma nação protegida, não precisaremos de mais muralhas
MM – Eu acho que ainda nos vamos lixar, e se estivesse aqui o Cravinho ele fazia-te ver que estás a ser dominado pelos lobbies da sacristia. É na zona de Monsanto que está o verdadeiro eixo de 'desenvolvimento polinucleado'.
AH – Martim, que misturas é que andas a fazer com a ginjinha!? Nem sabes o que queres. Eu sempre disse que eles te tinham entalado qualquer coisa mais sensível, se calhar devias ir passar uma temporada às termas para descansares e amaciares a zona pélvica.
MM – Eu acho que as azinheiras são compatíveis com um centro comercial na encosta de Monsanto. De manhã o povo rezava, depois à tardinha comprava uns trapinhos e à noite ia à bola, e assim nós já podíamos ir treinar aos dardos no lombo dos beduínos sem nos chatearem.
AH – É pá, pareces um ditador obscurantista, a minha mente está focada em grandes desígnios: a fé e o progresso sustentado são desígnios nacionais e, depois de rezar, o povo deve ir todo fazer jogging para Monsanto.
MM – Não tarda voltam os mouros e eu quero ver como vai ser, enfiam-te os desígnios pelo cu acima e, em três tempos, põem a rainha a fazer dança do ventre para os gajos e a servir-lhes cházinho de menta.
AH – Então se calhar devíamos avançar já com uma guerra santa, o melhor é fazermos um mosteiro ali para os lados de alcântara, ou isso ou uma seca de bacalhau.
MM – Agora já o vejo a pensar em grande, Alteza, e isto com uns pastelinhos leva-se muito melhor, tem toda a razão.
AH – e ainda alugo os castelos aos chinocas, e, com jeito, passo a reforma em Cartagena com duas sherazades a contarem-me histórias
MM – Tudo bem Alteza, manter até ao fim a cabeça fria e a pila tesa, mas eu continuo a achar que isto ia bem era com um centro comercial, o povo ia vendo as montras…a nossa muralha mais forte é um povo bem entretido com uma boa padroeira.
AH – Então se calhar ainda construo uma padroeira dos descobrimentos, ou então uma padroeira de Aljubarrota, ou mesmo uma fundação ao pé de são Sebastião da padroeira…
MM – fodasse, isto está mas é por um triz, ainda acabamos em Badajoz para ter de parir um filho, e, não tarda, deixa de ser um país, e passa a ser um trocadilho
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diálogos da praceta mole
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