cardápios

Chamavam-lhe o serial kinder. Prometeu e fez: teve uma ninhada de filhos. Foi atrás do mandato bíblico, certificou-me da canonicidade do mesmo na Ordem dos Hermeneutas e entremeou meninos com meninas num fantástico determinismo cromossómico apenas ao alcance dos predestinados da genitália. Um frade, uma florista, um lenhador, uma fadista, um leiteiro e uma jornalista. Hesitou no último, mas tinha um mandato preciso: teria de fechar com um ciclista pois sobravam-lhe dois boiões de lubrificação. Demonstrada a pedalada haveria que amadurecer serenamente dando noções básicas para a vida, ensinando a separar o trigo do joio, a papoila do malmequer, o lugar do homem e o lugar da mulher. Nenhum lhe tresmalhou verdadeiramente, tirando o leiteiro que chegou a fermentar com duas padeiras diferentes, e a jornalista que trocava de editor como quem escolhia frases do dia. Do lenhador e do frade recebeu o combustível para as noites frias, da fadista e da florista a iluminação para as noites escuras, e o ciclista treinava a montanha indo-lhe buscar o diurético à farmácia do jardim da Estrela. De todos os filhos retirou enlevo, a todos transmitiu zelo e fortaleza. Agradeceu sempre a Deus a sua fertilidade e a anuência do útero em condomínio; nunca se deixou seduzir pela poligamia nem pelo in vitro, e o seu maior pecadilho foi não gostar de brincar às cavalitas por fragilidade lombar hereditária. Chegou a engarrafar o seu próprio moscatel e a tocar gaita. Deixou prol, rótulo e fole. Acabou numa cinza, vasilha de.

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