Correntezinhas – take one
A MC que me perdoe mas eu não consigo identificar-me com essa panóplia toda de coisas sofisticadas. Não tenho pinta de alquimista, sou um ser básico ao qual estão vedadas quaisquer identificações panantropologicas, e tenho mais horror a analogias que à minha vizinha do terceiro esquerdo, que ainda hoje me deitou um olhar – eu, na minha inocência interpretei de lascivo - no elevador que me deixou com suores frios. E nem boa é; apesar de; conforme.
um sonho – nem queira saber; basicamente todos os meses ou assassino um amigo, ou despeço um empregado com uma ninhada de filhos, ou drogo um concorrente. De tal forma que todos os meus sonhos estão copyrightados e os direitos foram doados à associação mundial de psicanálise e à caritas internacional. Só de pensar que podia ser metaforicamente um sonho até preferia ir directo para a cadeira do dentista.
uma forma geométrica – essa nem tem discussão: a ser alguma queria ser aquelas maçãs rainetas cortadas ao meio que aparecem de forma dispersa na obra do Aleshinsky. A fase dos rabos Botticelianos deixei aos doze anos e a do queixo arredondado da Dora Maar aos quinze.
uma cor – não troco nenhuma cor da natureza por aqueles quadros mortiços do Morandi. ( à excepção da camisola dos lagartos, mas aí já estamos a entrar em domínio do religioso e, como se sabe, um fiel cumpridor não deve gozar com a iconografia paramentária) Uma garrafa do Luso pintada por esse gajo valia mais que uma dúzia de Fontanas de Trevi a decorarem a capela Sistina ( vá onze, pronto)
um som – oscilo entre aquele dos calhaus a rolarem na maré vazia, com as oscilações half-guinchadas dos Talking Heads em ‘Once in a lifetime’ e todo o cabrão (sorry) do Charlie Parker. ( isto tirando os sustenidos de meter dó das entrevistas do Mário Crespo, claro)
Um aroma – confesso que acho a palavra aroma um pouco apanascada. Serei certamente um aromofóbico. Contudo a sua sugestão de pão de lenha nem está mal, até porque a última vez que comprei um desses ali saídinho dum forno ribatejano quem mo embrulhou até parecia a miúda da galp ( o que não deixa de ser contraditório). Chiça que assim até eu tinha ido para padeiro.
Queira perdoar a minha ausência em conceitos tão efervescentes como ‘desejo’, ‘sentimento’, ‘emoção’, e ‘sentimento’ porque a última vez que tive disso a parteira disse-me para tirar dali a mão; sou um caso clínico de recalcamento e insatisfação desde então.
‘flor’, ‘fruto’, ‘doce’, ‘árvore’, ‘jardim’ e outros que tais, então é que não faço mesmo a mínima ideia do que significam, por isso a leio quase epifanicamente e, de castigo por esta minha incompetência, se calhar até merecia levar com dois boffs e três mertons aí no seu estimado estabelecimento, porque, já se sabe, lagarto que vive à míngua nunca se lhe deve puxar pela língua.
A MC que me perdoe mas eu não consigo identificar-me com essa panóplia toda de coisas sofisticadas. Não tenho pinta de alquimista, sou um ser básico ao qual estão vedadas quaisquer identificações panantropologicas, e tenho mais horror a analogias que à minha vizinha do terceiro esquerdo, que ainda hoje me deitou um olhar – eu, na minha inocência interpretei de lascivo - no elevador que me deixou com suores frios. E nem boa é; apesar de; conforme.
um sonho – nem queira saber; basicamente todos os meses ou assassino um amigo, ou despeço um empregado com uma ninhada de filhos, ou drogo um concorrente. De tal forma que todos os meus sonhos estão copyrightados e os direitos foram doados à associação mundial de psicanálise e à caritas internacional. Só de pensar que podia ser metaforicamente um sonho até preferia ir directo para a cadeira do dentista.
uma forma geométrica – essa nem tem discussão: a ser alguma queria ser aquelas maçãs rainetas cortadas ao meio que aparecem de forma dispersa na obra do Aleshinsky. A fase dos rabos Botticelianos deixei aos doze anos e a do queixo arredondado da Dora Maar aos quinze.
uma cor – não troco nenhuma cor da natureza por aqueles quadros mortiços do Morandi. ( à excepção da camisola dos lagartos, mas aí já estamos a entrar em domínio do religioso e, como se sabe, um fiel cumpridor não deve gozar com a iconografia paramentária) Uma garrafa do Luso pintada por esse gajo valia mais que uma dúzia de Fontanas de Trevi a decorarem a capela Sistina ( vá onze, pronto)
um som – oscilo entre aquele dos calhaus a rolarem na maré vazia, com as oscilações half-guinchadas dos Talking Heads em ‘Once in a lifetime’ e todo o cabrão (sorry) do Charlie Parker. ( isto tirando os sustenidos de meter dó das entrevistas do Mário Crespo, claro)
Um aroma – confesso que acho a palavra aroma um pouco apanascada. Serei certamente um aromofóbico. Contudo a sua sugestão de pão de lenha nem está mal, até porque a última vez que comprei um desses ali saídinho dum forno ribatejano quem mo embrulhou até parecia a miúda da galp ( o que não deixa de ser contraditório). Chiça que assim até eu tinha ido para padeiro.
Queira perdoar a minha ausência em conceitos tão efervescentes como ‘desejo’, ‘sentimento’, ‘emoção’, e ‘sentimento’ porque a última vez que tive disso a parteira disse-me para tirar dali a mão; sou um caso clínico de recalcamento e insatisfação desde então.
‘flor’, ‘fruto’, ‘doce’, ‘árvore’, ‘jardim’ e outros que tais, então é que não faço mesmo a mínima ideia do que significam, por isso a leio quase epifanicamente e, de castigo por esta minha incompetência, se calhar até merecia levar com dois boffs e três mertons aí no seu estimado estabelecimento, porque, já se sabe, lagarto que vive à míngua nunca se lhe deve puxar pela língua.
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