Mas YouTubadas agora é que não vale


A Sra ainda me está em falta com a fotografiazinha do ‘abafador BES’ – ‘o berlingador de estatutos’, mas não resisto a trazer aqui à postagem que, quando colocou aquele seu último cartoon com a ruiva encostada à carripana do gajito de cabelo ralo, numa diáfana provocação, lembrei-me de imediato da capa do disco dos ‘Beirut’- ‘Gulag Orkestar’, saído o ano passado. Quero-lhe desde já dizer que, independentemente da capa, – já lá iremos – o disco é muit’bom. No fundo até será eventualmente apenas um puto virtuoso a cantar músicas inspiradas naquilo que se pode chamar o folk-aciganado da europa do leste, uma mistura de morricone com kusturica (já ouviu os ‘Devotchka’ por acaso?) apesar do gajo ser bem americano, do mesmo sítio donde vieram os ‘The Shins’, que conhece certamente pois toda a gente fala desses gajos que fazem música para elevadores panorâmicos e bichas na autoestrada. Mas a sra se calhar pode não gostar deste, temo-o, até porque o Cura não conseguia cantar daquilo em condições, e isso descompensa-a bastante, já sabemos. Ora o disco começa logo com uma cornetada arrastada ali entre a marcha e a tourada e depois é um vê se te avias de música boa, como só um gajo que ainda nem fez 20 anitos consegue fazer. (a partir dos 25 só querem fazer letras, mas para isso já existem as massinhas da canja, não será?). Há lá uma musiquita mais badalada que é o ‘Scenic world’ – dizem mesmo que as letras do disco são uma porcaria (neste contexto cabia melhor o termo ‘merda’, mas como é para a Sra escrevi porcaria), mas aqui para nós eu nem percebo o que o gajo diz (ou half-esganiçadamente canta, mais propriamente) – só que, quando chegar à faixa nº 5 ‘Postcards from Italy’, verá que estamos perante um ganda disco, gingão, melodioso, envolvente e isso tudo, e, como dizia um crítico do cdtimes.co.uk (tope só a pintarola destas referências) «the perfect antidote to the rush of skinny guys with guitars and spiky hair that seem to prevail at the moment» que eu muitas vezes lhe ‘faço’ouvir (pus estas semi aspas para ficar claro que só ouve se quiser e eu nem fico blindado, perdão lá lapsei de novo - e nem sei porque é que este ‘blindado’ se me encrostou no subconsciente – melindrado, queria eu dizer, se não as ouvir).

Voltemos mas é à capa do disco que é o que realmente interessa. Olhe, é que já nem se fazem pernas daquelas, e repare-me nas alcinhas - credo, e ainda há quem compre o disco para ouvir a música – na parte da matricula só a ver-se ‘AA’ como se até ao carro estivessem a eriçarem-se-lhe os bornes da bateria, no lencinho a apanhar o cabelo, nas pernas semi traçadas, nos joelhos rechonchudos e renascentistas, a rapariga a subir ligeiramente a saia e a mostrar bem o forro encarnado, e a deixar cair o olhar, ficando nós a pensar – eu cá fiquei - se será vergonha, se desinteresse, mas sem pôr de parte a hipótese da malandrice - nem sei o que lhe diga mais, mas ficava mal se me fosse sem lhe recomendar a faixa 9, ‘Bratislava’, que começa com uma bandolinzada deliciosa, e também se deixa ouvir tão bem; saliento-lhe ainda (salientar é bastante masculino) que o disco termina com uma música já um pouco mais lamurienta, mas com um título deveras sugestivo: ‘After the curtain’, que certamente até a pode vir a acompanhar em momentos de mais agulha e dedal que, como se sabe, preenchem a vida duma fada do lar; olhe madame, faça-me outra vez a fineza, googla-me a imagenzinha da capa do disco, é fácil, e eu só terei pecado por inabilidade na descrição, e coloca-a aqui neste estabelecimento que tão cirurgicamente administra, e que eu tão criteriosamente abandalho (agora até arranjava uma rima jeitosa, mas não dá), pode ser? Ah, e a nº 2, ‘Prenzlauerberg’ (nem o Wagner arranjava nomes assim) acompanha optimamente com pão e azeitonas, apesar do óptimo ser inimigo do bom, já se sabe.


Sem comentários: