(As melhores) declarações de amor (lidas e ouvidas) em Fevereiro
Bonnie ‘Prince’ Billy, no seu disco do ano passado ‘The letting go’, começa logo na primeira faixa ‘Love comes to me’ com um delicioso : «O, sugar won’t you be my only / I’m a hard-hearted honey-pot hungry shepherd / And I’m longing to be born for you». Ora dizer-se que desejávamos ter nascido por/para alguém, é – para além dum desafio ao criador – um dos clímax na declaração amorosa; ao mesmo nível está a obrigatória insaciedade, elemento fundador da relação amorosa, sem a qual ela se pode parecer a uma mera receita de arroz doce; os ‘The Shins’, aquela mistura deliciosa entre os ‘Smiths e o Tony Carreira, no seu recente ‘wincing the night away’, cantam em ‘Red Rabits’: «Born on a desert floor, you’ve the deepest thirst, / And you came to my sweet shore to indulge it, / With the wan and dreaming eyes of an orphan,/ But there is not enough, /There is not enough.». Isto ficou imediatamente a pedir assim uma coisinha mais suave, e o ícone do country-folk-rock americano, (ícone é sempre um bom e sugestivo nome para usar) Lucinda Williams ( que tem já este ano um disco novo – ‘West’) não desilude no seu disco mais famoso ‘Car Wheels On A Gravel Road’ e, em ‘Right In Time’, canta o tão necessário e reconfortante óbvio: «Not a day goes by I don’t think about you / You left your mark on me it’s permanent a tattoo / Pierce the skin and the blood runs through / Oh my baby / The way you move it’s right in time».
Faço ainda notar que «poets remain in love for the rest of their lives», como escreveu Robert Graves, o seco poeta ( e mais) inglês ( do qual eu não percebo 99% dos poemas, e que viveu uma paixão obsessiva (*) com a poetisa americana Laura Riding – conhecida por tê-lo manipulado que nem um folhado de salsicha entremeado de crepe chinês e, por, um dia, pura e simplesmente ter deixado de escrever poesia, e ter-se dedicado à escrita filosófica pré- alain de boutton), que também, num dos seus mais célebres poemas ‘To Juan at the Winter Solstyce’, enuncia, por acaso, o maior dogma reprimido da amorosidade: «There is one story and one story only »( como se comprova eu só consigo apanhar uma ou outra frasezita simples e solta do gajo). Mas nem a alma nem o corpinho aguentam tanta Musa Enigmática e distante, e o mês acabou a ouvir repetidamente ‘The Charlatans’: «Loving you is easy ‘cause you’re beautiful». Obrigatório, como agora, obrigatoriamente, se deve dizer.
(*) em 2008 aparentemente sairá o filme ‘Poetic Unreason’, que retrata esta relação entre Robert Graves e Laura Riding, e no qual a personagem desta moça será interpretada pela Frances O’Connor, um dos narizes afilados e empinados mais embirrantes da história do cinema moderno. Está bem para a Laurinha.
Bonnie ‘Prince’ Billy, no seu disco do ano passado ‘The letting go’, começa logo na primeira faixa ‘Love comes to me’ com um delicioso : «O, sugar won’t you be my only / I’m a hard-hearted honey-pot hungry shepherd / And I’m longing to be born for you». Ora dizer-se que desejávamos ter nascido por/para alguém, é – para além dum desafio ao criador – um dos clímax na declaração amorosa; ao mesmo nível está a obrigatória insaciedade, elemento fundador da relação amorosa, sem a qual ela se pode parecer a uma mera receita de arroz doce; os ‘The Shins’, aquela mistura deliciosa entre os ‘Smiths e o Tony Carreira, no seu recente ‘wincing the night away’, cantam em ‘Red Rabits’: «Born on a desert floor, you’ve the deepest thirst, / And you came to my sweet shore to indulge it, / With the wan and dreaming eyes of an orphan,/ But there is not enough, /There is not enough.». Isto ficou imediatamente a pedir assim uma coisinha mais suave, e o ícone do country-folk-rock americano, (ícone é sempre um bom e sugestivo nome para usar) Lucinda Williams ( que tem já este ano um disco novo – ‘West’) não desilude no seu disco mais famoso ‘Car Wheels On A Gravel Road’ e, em ‘Right In Time’, canta o tão necessário e reconfortante óbvio: «Not a day goes by I don’t think about you / You left your mark on me it’s permanent a tattoo / Pierce the skin and the blood runs through / Oh my baby / The way you move it’s right in time».
Faço ainda notar que «poets remain in love for the rest of their lives», como escreveu Robert Graves, o seco poeta ( e mais) inglês ( do qual eu não percebo 99% dos poemas, e que viveu uma paixão obsessiva (*) com a poetisa americana Laura Riding – conhecida por tê-lo manipulado que nem um folhado de salsicha entremeado de crepe chinês e, por, um dia, pura e simplesmente ter deixado de escrever poesia, e ter-se dedicado à escrita filosófica pré- alain de boutton), que também, num dos seus mais célebres poemas ‘To Juan at the Winter Solstyce’, enuncia, por acaso, o maior dogma reprimido da amorosidade: «There is one story and one story only »( como se comprova eu só consigo apanhar uma ou outra frasezita simples e solta do gajo). Mas nem a alma nem o corpinho aguentam tanta Musa Enigmática e distante, e o mês acabou a ouvir repetidamente ‘The Charlatans’: «Loving you is easy ‘cause you’re beautiful». Obrigatório, como agora, obrigatoriamente, se deve dizer.
(*) em 2008 aparentemente sairá o filme ‘Poetic Unreason’, que retrata esta relação entre Robert Graves e Laura Riding, e no qual a personagem desta moça será interpretada pela Frances O’Connor, um dos narizes afilados e empinados mais embirrantes da história do cinema moderno. Está bem para a Laurinha.
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