ao pé disto o cioran parece o roger martin do gard

não acredito na força da palavra, não acredito na força das ideias, acredito sofrivelmente na força bruta, já acreditei mais na força da mente, acredito pouquíssimo, mas ainda assim algo, na força das imagens, mas acredito no cagaço, no pânico, no terror, no desenmerdanço, no dar de frosques, no colinho da mamã, na pasta de dentes, num sinal da cruz bem feito, num beijo bem dado, numas costas largas, numa ecografia, numa dor de cotovelo, numa lágrima bem tirada, num encolher de ombros, no papel do filtro dos ‘gitanes’ quando se cola ao lábio, na misericórdia divina, na comichão que é sempre um bom sinal, na doçura dum deixa andar, e nos amores de livro, onde amar é amar.

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