La couveuse sportif
Podemos reduzir todos os problemas humanos à sua face prática, ou seja, a como encaixá-los da melhor maneira na vidinha, por forma a que não nos façam muitas comichões e nos permitam seguir em frente num caminho mais fácil, mesmo que pisque nas bermas um ‘depois logo se vê’ em cores vivas de casa de alterne. A gravidez, por exemplo, também tem essa face, ou seja: se atrapalha deve haver algumas soluções de aplicação mais fácil que outras. Desmanchá-la é por vezes a tal solução prática mais fácil e mesmo aquela que comporta menores danos face a uma análise de prós e contras ‘práticos’, é a que convive melhor com qualquer dos estilos, desde o lounge lifestyle até ao sportif lifestyle, já sem falar no ai-eu-preocupam-me-as-pessoas lifestyle. E garantir que as soluções mais fáceis sejam aplicadas com a maior limpeza e desempoeiramento é algo que se afigura duma lógica praticamente irrefutável.
O homem tem de conseguir saber viver bem sem valores muito sofisticados, senão seríamos uma espécie de tábuas da lei com pernas. A ‘vida humana’ é um valor muito rebuscado, credo. Não facilita nada as coisas enfiá-lo na nossa equação doméstica. Nem falemos então de ‘pessoa’, ou ‘alma’, e então de ‘finalidade’, que susto, até pode criar fungos no estômago. E, já se sabe, o homem presume-se inocente antes do aparecimento da serpente.
Restrinjamo-nos então às coisas simples: quem tem um poder , uma capacidade, deve exercê-la, quem cá está, está, quem não está, estivesse, só fazem falta os que cá estão ( esta é muito futeboleza, aliás), só os verdadeiramente malandros devem ir para a prisão, e antes o direito duma mulher na mão que o direito de dois fetos a voar.
Passemos agora à economia das aflições. ‘Já bem basta o que não podemos evitar’ é a contrição do momento; David Hume dizia que «um prazer que nos é conhecido afecta-nos mais do que outro, que reconhecemos ser superior, mas cuja natureza nos é totalmente desconhecida» (*), ou seja, subvertendo-o com aprumo, já que algo se vai foder, que seja algo que não nos possa fazer mal de seguida, se temos de viver aflitos ao menos que seja só com a inflação e os impostos, e se possa ir aos saldos e ver a bola com calma, que da condição humana tratamos quando tivermos verba para isso.
No fundo regemo-nos pela mesma lei do galinheiro: se as galinhas estiverem a chocar, a primeira prioridade continua a ser safarem-se da raposa, que o dono do churrasco também não se queixa.
Enquanto não houver provas irrefutáveis de que o árbitro vê tudo acho que devemos levar a vida na desportiva; e bem equipados de preferência.
(*) Tratado da Natureza Humana, Livro II , ‘das paixões’
Podemos reduzir todos os problemas humanos à sua face prática, ou seja, a como encaixá-los da melhor maneira na vidinha, por forma a que não nos façam muitas comichões e nos permitam seguir em frente num caminho mais fácil, mesmo que pisque nas bermas um ‘depois logo se vê’ em cores vivas de casa de alterne. A gravidez, por exemplo, também tem essa face, ou seja: se atrapalha deve haver algumas soluções de aplicação mais fácil que outras. Desmanchá-la é por vezes a tal solução prática mais fácil e mesmo aquela que comporta menores danos face a uma análise de prós e contras ‘práticos’, é a que convive melhor com qualquer dos estilos, desde o lounge lifestyle até ao sportif lifestyle, já sem falar no ai-eu-preocupam-me-as-pessoas lifestyle. E garantir que as soluções mais fáceis sejam aplicadas com a maior limpeza e desempoeiramento é algo que se afigura duma lógica praticamente irrefutável.
O homem tem de conseguir saber viver bem sem valores muito sofisticados, senão seríamos uma espécie de tábuas da lei com pernas. A ‘vida humana’ é um valor muito rebuscado, credo. Não facilita nada as coisas enfiá-lo na nossa equação doméstica. Nem falemos então de ‘pessoa’, ou ‘alma’, e então de ‘finalidade’, que susto, até pode criar fungos no estômago. E, já se sabe, o homem presume-se inocente antes do aparecimento da serpente.
Restrinjamo-nos então às coisas simples: quem tem um poder , uma capacidade, deve exercê-la, quem cá está, está, quem não está, estivesse, só fazem falta os que cá estão ( esta é muito futeboleza, aliás), só os verdadeiramente malandros devem ir para a prisão, e antes o direito duma mulher na mão que o direito de dois fetos a voar.
Passemos agora à economia das aflições. ‘Já bem basta o que não podemos evitar’ é a contrição do momento; David Hume dizia que «um prazer que nos é conhecido afecta-nos mais do que outro, que reconhecemos ser superior, mas cuja natureza nos é totalmente desconhecida» (*), ou seja, subvertendo-o com aprumo, já que algo se vai foder, que seja algo que não nos possa fazer mal de seguida, se temos de viver aflitos ao menos que seja só com a inflação e os impostos, e se possa ir aos saldos e ver a bola com calma, que da condição humana tratamos quando tivermos verba para isso.
No fundo regemo-nos pela mesma lei do galinheiro: se as galinhas estiverem a chocar, a primeira prioridade continua a ser safarem-se da raposa, que o dono do churrasco também não se queixa.
Enquanto não houver provas irrefutáveis de que o árbitro vê tudo acho que devemos levar a vida na desportiva; e bem equipados de preferência.
(*) Tratado da Natureza Humana, Livro II , ‘das paixões’
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