Fedra moments

Pior que um coração despedaçado é mesmo uma rima não ser compreendida. Toda a vida ( intra e extra-uterina ) deve poder ser resumida a uma cadência alexandrina.

‘Medeia é uma história desgraçadamente muito actual’ (*)
Janeiro 16th, 2007

As utopias mais ou menos camufladas sobre o destino do género humano deslocaram os mitos da felicidade para o campo da facilidade e do bom senso. O bom é o fácil, é o que não faz sofrer, é o que relaxa as consciências dadas ao tormento. Criaram-se novos romantismos, novos idealismos, novos realismos, todos ao serviço da vertigem dum ‘tem de ser’ com cheirinho. Carentes duma causalidade mais profunda os homens têm de se satisfazer com as causalidades de ocasião, com os servicinhos que a espécie exige para se manter à tona com a aparência de mamíferos esclarecidos e sem comichões nas partes. O pragmatismo é agora apenas um caroço que se chupa, é o que resta dum fruto que já nem se sabe de que árvore veio; nem interessa, desde que dê bom efeito na salada. Caminhamos para a fusão entre o nominalismo e a metafísica, coisa que o sexo explica bem: a potência é um acto mal explicado.

Título dum artigo do Público de hoje que transcreve uma entrevista a propósito duma adaptação da Medeia.

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