Do cristianismo II
Um dos fenómenos ‘complexos’ da espiritualidade cristã é a conciliação entre uma relação individual e única entre Deus e cada um dos homens, e a relação entre Deus e os homens como parte duma ‘Igreja’ ou duma ‘espécie’.
Volto ao Papa , quando era ainda apenas Ratzinger: (*) « A salvação do indivíduo enquanto indivíduo poderia ser realizada directa e imediatamente por Deus, o que, aliás, costuma acontecer em não poucos casos. Deus não precisa de intermediação para entrar na alma do indivíduo. (…) Para salvar o indivíduo isolado, não haveria necessidade de uma Igreja ou de uma história da salvação, nem da encarnação e da paixão de Deus neste mundo. Mas (…) a fé cristã não parte de indivíduos atomizados, mas da convicção de que não existe o ser humano isolado, de que ele só é ele mesmo como ser integrado no todo, na humanidade, no cosmos. (…) Ou para usar a expressão de Möhler: «o ser humano, que é relação contínua, não chega a si mesmo, nem tão pouco sem si mesmo».
Uma das riquezas da revelação cristã é precisamente ela ser uma manifestação dirigida a cada um e a todos; raramente se poderia equacionar uma mensagem simultaneamente tão individual e tão geral, dificilmente se conseguiria tão bem unir sem deixar de manter únicos cada um de nós, o que faz sentido para um, faz para todos, mantendo-se todos diferentes e livres.
O cristianismo apresenta-nos Deus como o fim e o princípio, mas sem grandes preocupações ditas filosóficas, apresenta-nos o homem como sendo à imagem e semelhança de Deus, mas sem preocupações ditas antropológicas, e apresenta a sociedade como inevitável e desejável, mas sem preocupações ditas sociológicas.
O cristianismo é uma religião de proximidade e de congregação, ao mesmo tempo que é um fortíssimo apelo ao individualismo, à unidade do ser humano face a Deus. Que nos olha um a um. Muitas vezes nem se percebe como.
(*) texto mais uma vez retirado do livro ‘ introdução ao cristianismo’, ed principa, 2005, que resultou das audiências do então cardeal Ratzinger, em 1967, na universidade de Tubinguen.
Um dos fenómenos ‘complexos’ da espiritualidade cristã é a conciliação entre uma relação individual e única entre Deus e cada um dos homens, e a relação entre Deus e os homens como parte duma ‘Igreja’ ou duma ‘espécie’.
Volto ao Papa , quando era ainda apenas Ratzinger: (*) « A salvação do indivíduo enquanto indivíduo poderia ser realizada directa e imediatamente por Deus, o que, aliás, costuma acontecer em não poucos casos. Deus não precisa de intermediação para entrar na alma do indivíduo. (…) Para salvar o indivíduo isolado, não haveria necessidade de uma Igreja ou de uma história da salvação, nem da encarnação e da paixão de Deus neste mundo. Mas (…) a fé cristã não parte de indivíduos atomizados, mas da convicção de que não existe o ser humano isolado, de que ele só é ele mesmo como ser integrado no todo, na humanidade, no cosmos. (…) Ou para usar a expressão de Möhler: «o ser humano, que é relação contínua, não chega a si mesmo, nem tão pouco sem si mesmo».
Uma das riquezas da revelação cristã é precisamente ela ser uma manifestação dirigida a cada um e a todos; raramente se poderia equacionar uma mensagem simultaneamente tão individual e tão geral, dificilmente se conseguiria tão bem unir sem deixar de manter únicos cada um de nós, o que faz sentido para um, faz para todos, mantendo-se todos diferentes e livres.
O cristianismo apresenta-nos Deus como o fim e o princípio, mas sem grandes preocupações ditas filosóficas, apresenta-nos o homem como sendo à imagem e semelhança de Deus, mas sem preocupações ditas antropológicas, e apresenta a sociedade como inevitável e desejável, mas sem preocupações ditas sociológicas.
O cristianismo é uma religião de proximidade e de congregação, ao mesmo tempo que é um fortíssimo apelo ao individualismo, à unidade do ser humano face a Deus. Que nos olha um a um. Muitas vezes nem se percebe como.
(*) texto mais uma vez retirado do livro ‘ introdução ao cristianismo’, ed principa, 2005, que resultou das audiências do então cardeal Ratzinger, em 1967, na universidade de Tubinguen.
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