Advento – versão para anjos da guarda e outras querubinas amejeradas
A modesta passagem de Deus pelo mundo vem balizada por dois acontecimentos absurdos para um espírito razoavelmente ruminante: a Encarnação e a Ressurreição. Ambos desnecessários, ambos irrisórios, ambos gratuitos, ambos ambivalentes aos olhos dum ser – o homem - que em pouco mais consegue acreditar do que naquilo que vê; o que por um lado ainda bem, pois não auguro nada de favorável aos que gostam de acreditar no que não vêem, desde suores frios a descompensações hormonais. Deus, ao fazer-se homem embebendo-se da mesma natureza de Adão e depois a fazer-se Deus ‘outra vez’, rompendo com a lógica peregrina, deixou o homem ao abrigo do balanço entre uma ‘fé cega’ e uma ‘fé no seio de imensas contradições’ (*). Ora qualquer destas duas hipóteses de ‘modus fidem’ vai, de base, contra a nossa condição de seres racionais & apalpadores. Como se resolve isto sem cair nas esparrelas circulares pascalianas e existencialistas: aprendendo a conviver, sem engasgar muito, com as duas especiarias da nossa existência: a incerteza e a intuição; ambas recuperadas pelas correntes físico-filosóficas da 1ª metade do séc. XX, ambas ora desvalorizadas (ou valorizadas) pela geração playstation, e ambas sempre em banho-maria quando o ‘sagrado’ não alarga os horizontes e apenas amesquinha o espírito. O mecanismo do processo ‘religioso’ começa por se alimentar do desconhecido, chama-lhe depois mistério, condimenta-o então com a chamada ‘espiritualidade’ e, para sobremesa, serve-se com estupidez natural derretida sobre as costas bem coçadas e os pés bem assentes na terra que nem uns aristóteles de sauna. Deus será sempre um polvo, mas servido em filetes no meio de arroz malandrinho.Quem acredita em Deus, quem é cristão e católico (como eu) tem de saber que há que fazer com a fé aquilo que Jesus fez com a redenção: poucas abébias a judeus e a romanos mas muita reinação com os pagãos.
(*) ‘contradição’ - 2ª etapa do movimento dialéctico que transforma na escala metafísica uma ‘dúvida’ irrelevante numa ‘verdade de fé’ determinante.
A modesta passagem de Deus pelo mundo vem balizada por dois acontecimentos absurdos para um espírito razoavelmente ruminante: a Encarnação e a Ressurreição. Ambos desnecessários, ambos irrisórios, ambos gratuitos, ambos ambivalentes aos olhos dum ser – o homem - que em pouco mais consegue acreditar do que naquilo que vê; o que por um lado ainda bem, pois não auguro nada de favorável aos que gostam de acreditar no que não vêem, desde suores frios a descompensações hormonais. Deus, ao fazer-se homem embebendo-se da mesma natureza de Adão e depois a fazer-se Deus ‘outra vez’, rompendo com a lógica peregrina, deixou o homem ao abrigo do balanço entre uma ‘fé cega’ e uma ‘fé no seio de imensas contradições’ (*). Ora qualquer destas duas hipóteses de ‘modus fidem’ vai, de base, contra a nossa condição de seres racionais & apalpadores. Como se resolve isto sem cair nas esparrelas circulares pascalianas e existencialistas: aprendendo a conviver, sem engasgar muito, com as duas especiarias da nossa existência: a incerteza e a intuição; ambas recuperadas pelas correntes físico-filosóficas da 1ª metade do séc. XX, ambas ora desvalorizadas (ou valorizadas) pela geração playstation, e ambas sempre em banho-maria quando o ‘sagrado’ não alarga os horizontes e apenas amesquinha o espírito. O mecanismo do processo ‘religioso’ começa por se alimentar do desconhecido, chama-lhe depois mistério, condimenta-o então com a chamada ‘espiritualidade’ e, para sobremesa, serve-se com estupidez natural derretida sobre as costas bem coçadas e os pés bem assentes na terra que nem uns aristóteles de sauna. Deus será sempre um polvo, mas servido em filetes no meio de arroz malandrinho.Quem acredita em Deus, quem é cristão e católico (como eu) tem de saber que há que fazer com a fé aquilo que Jesus fez com a redenção: poucas abébias a judeus e a romanos mas muita reinação com os pagãos.
(*) ‘contradição’ - 2ª etapa do movimento dialéctico que transforma na escala metafísica uma ‘dúvida’ irrelevante numa ‘verdade de fé’ determinante.
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