Alberta, filha, e se fosses escrever romances a meias com o Rodrigues?
Ontem o telejornal do canal 2 terminava com uma reportagem sobre a inauguração da exposição do Amadeo Souza Cardoso na Gulbenkian. A apresentadora, uma tal de Alberta, mas com um olhar relativamente fechado, ia fazendo carantonhas ao comentar uma breve entrevista com Julião Sarmento (o chamado pequeno momento de reportagem) em que este afirmava que se inseria naquele ‘grupo’ de artistas que ‘pinta essencialmente para os outros artistas’. A dita apresentadora, paga certamente ao bocejo provocado pelos seus dotes de mímica carnavalesca, quis deixar no ar – eu sou muito bom a saber o que vai dentro da cabeça dos outros, sim – que o pintor mostrava um elitismo criativo despudorado, tendo até deturpado uma frase dele, ao insinuar que o homem teria dito explicitamente que ‘não pintava para o comum dos mortais’. Mas até podia ter dito; um gajo que pinte para o comum dos mortais é basicamente um parvo. No entanto o que Julião Sarmento estava a tentar querer dizer, mas sem falsas peneiras, e até a fugir um pouco à resposta de ocasião, era que pintava essencialmente a pensar no que iriam pensar os seus pares, aqueles que de facto têm um olhar mais ‘exigente’ (que não significa nem melhor, nem mais elaborado, nem mais importante) e que ele considera como críticos e avaliadores (para o bem e para o mal). A condição de artista (plástico) - que está nos antípodas do que eu faço note-se - vive dum adequado elitismo de conveniência, ora desligamento, ora afronta, ora mediocridade camuflada, que não será condição de sucesso, mas é uma táctica como outra qualquer. Aliás como o corporativimo, ou ‘mais vale dez notícias na mão do que uma ideia a voar na cabeça’, que caracterizam e fazem sobreviver o jornalismo médio, a par de, obviamente, cada vez falarem mais uns para os outros, porque o comum dos mortais já prefere o Goucha ou a Furtado. A ignorância jornalística, a leviandade com que rotulam, apresentam ou insinuam os factos, dissimulando-se numa flácida agressividade que querem vender como coragem, é uma marca confrangedora dos dias que correm. Sim, os jornalistas têm muita culpa.
Ontem o telejornal do canal 2 terminava com uma reportagem sobre a inauguração da exposição do Amadeo Souza Cardoso na Gulbenkian. A apresentadora, uma tal de Alberta, mas com um olhar relativamente fechado, ia fazendo carantonhas ao comentar uma breve entrevista com Julião Sarmento (o chamado pequeno momento de reportagem) em que este afirmava que se inseria naquele ‘grupo’ de artistas que ‘pinta essencialmente para os outros artistas’. A dita apresentadora, paga certamente ao bocejo provocado pelos seus dotes de mímica carnavalesca, quis deixar no ar – eu sou muito bom a saber o que vai dentro da cabeça dos outros, sim – que o pintor mostrava um elitismo criativo despudorado, tendo até deturpado uma frase dele, ao insinuar que o homem teria dito explicitamente que ‘não pintava para o comum dos mortais’. Mas até podia ter dito; um gajo que pinte para o comum dos mortais é basicamente um parvo. No entanto o que Julião Sarmento estava a tentar querer dizer, mas sem falsas peneiras, e até a fugir um pouco à resposta de ocasião, era que pintava essencialmente a pensar no que iriam pensar os seus pares, aqueles que de facto têm um olhar mais ‘exigente’ (que não significa nem melhor, nem mais elaborado, nem mais importante) e que ele considera como críticos e avaliadores (para o bem e para o mal). A condição de artista (plástico) - que está nos antípodas do que eu faço note-se - vive dum adequado elitismo de conveniência, ora desligamento, ora afronta, ora mediocridade camuflada, que não será condição de sucesso, mas é uma táctica como outra qualquer. Aliás como o corporativimo, ou ‘mais vale dez notícias na mão do que uma ideia a voar na cabeça’, que caracterizam e fazem sobreviver o jornalismo médio, a par de, obviamente, cada vez falarem mais uns para os outros, porque o comum dos mortais já prefere o Goucha ou a Furtado. A ignorância jornalística, a leviandade com que rotulam, apresentam ou insinuam os factos, dissimulando-se numa flácida agressividade que querem vender como coragem, é uma marca confrangedora dos dias que correm. Sim, os jornalistas têm muita culpa.
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