Quaresma XXVIII
Ora aqui estão então contributos do...
«Enquanto o homem normal admite uma categoria de actos acidentais não necessitando de motivação, categoria em que coloca uma parte das suas manifestações psíquicas e actos falhados, o paranóico recusa às manifestações psíquicas de outrem qualquer elemento acidental. Tudo quanto observa nos outros é significativo, logo susceptível de interpretação. Donde lhe vem esta maneira de ver? Aqui, como em muitos outros casos análogos, projecta provavelmente na vida psíquica alheia o que existe na sua própria vida em estado inconsciente. Quantas coisas se comprimem na consciência do paranóico e que, no homem normal e no nevrótico, existem só no inconsciente, onde a sua presença é revelada pela psicanálise. Quanto a este ponto, o paranóico tem então, em certa medida, razão, pois vê qualquer coisa que escapa ao homem normal, a sua visão é mais penetrante que a do pensamento normal, mas o que retira ao seu conhecimento todo o valor é a extensão aos outros do estado de coisas que apenas é real na medida em que só diz respeito a ele, paranóico.
... Sigmund em ‘Psicopatologia da vida quotidiana’ ( ed Rel.d’Agua, pg 285), o tal livro que nos chega a exasperar ao relatar lapsos para todos os gostos e feitios ( mas hoje cortei-me a trazer para aqui exemplos) E agora até me apetecia relatar o episódio ( que também vem no citado livro) da Lou Andreas-Salomé e do seu terrier Ami, que lhe bebia a leitinho que transbordava para o chão quando fervia, mas detive-me, para ver se esta tasca ainda tem algum leitor quando chegar a semana santa.
Oh... mas há poucas coisas melhores que uma bela paranóia: por exemplo esta de pensar que alguém com consciência lê isto. Mas o consciente não existe, freudasse.
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Freud
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