O sagrado bagaço

Por muito que nos custe reconhecer todos temos um pouco de Inês Pedrosa dentro de nós. É aquela coisa que irremediavelmente nos faz querer tudo e nada ao mesmo tempo. Gostamos de saber que obtivemos as coisas com esforço, mas também gostaríamos de lá ter chegado sem que nos custasse nada, gostamos de apreciar a diferença nos outros mas gostamos que os outros sejam iguais a nós, não sei se estão a ver, espero bem que sim porque agora já sou eu que nem estou a ver nada, lá está, é aquela tal coisa, um tipo vai atrás duma ideia mas depois começa é a gostar das ideias todas, ora temos valores a mais ora temos valores a menos, ora somos todos cartoonáveis, ora afinal somos todos descartáveis, ora já somos todos filhos amados de Deus e do direito natural e sem nós e os batráquios o mundo nunca seria possível, esbatidas as derivas marialvas e renovadas as louças das Caldas, eu bem queria levar isto a bom porto mas não consigo, foge-me logo a imaginação para todas as injustiças que se estão a cometer no mundo, e isso enerva-me e tomo logo de ponta a globalização, mas depois, e isto sim é da ordem do caraças mesmo, globalizados é que é normal, então isto foi feito mesmo assim, nem plana é esta merda, palavra d’honra que se ainda fores a tempo, vê lá ó Altíssimo, ainda fazias isto uma grande lezíria, plano, planinho mesmo, todos numa grande corrente de mãos dadas, touros e forcados, em estilo cercadura, mas bolas só essa ideia já me arrepia, é melhor manteres mesmo tudo redondinho, assim, quando pensamos que já se lá chegou afinal reparamos que isto nunca mais acaba, mais uma volta mais uma corrida, mas se calhar um dia acabará, é a tal coisa, a gente não sabe ao certo as linhas com que se cose e depois ou é a dúvida ou é o marasmo, não há meios termos, isto não está nada bem feito, temos de dar as mãos, espera, esta imagem já usei, não há volta a dar, é o que eu digo, quanto mais se nos fugimos mais se nos encontramos, toca de beber mais um copinho, peço deferimento.

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