Apenas para ir mantendo isto ao nível da crosta terrestre sem matar muito a cabeça

Depois da bola, da ejaculação precoce e da poesia automática, um desporto nacional que tem angariado bastantes adeptos é gozar com o E. Prado Coelho. Pois eu admiro visceralmente o tipo. Consegue aquele pleno existencial composto por não precisar de saber fazer rigorosamente nada, nem de ter planta de apresentação nenhuma, nem necessitar de demonstrar, comprovar, vender, comissionar, leiloar, ratear, geometrizar, concessionar, calcular, parametrizar nada daquilo que escreve para se desenrascar à grande e à francesa. No fundo eu também não sei fazer nada de nada, mas acabo por ter que fazer qualquer coisa para conseguir dar uma imagem minimamente aceitável de mim próprio. O gajo não; o gajo está-se a borrifar. Escreve sobre o que lhe apetece, como lhe apetece, quanto menos interessar o tema, melhor, e vive alegre e descaradamente disso. Ser apenas diletante comparado com o EPC é como ser torneiro mecânico. EPC precisa apenas de olhar para o vazio e ir dando risinhos melancólicos. Abençoado. Se fosse hoje, o Sermão da montanha incluiria o tipo, não tenho a menor dúvida, e ainda oferecia uma parábola de brinde. E isto é de palavra de honra.

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