Tu queres ver

que eu era um ganda maricas e não fazia uma lista ó um balanço ó lá o que é sobre aquilo que marcou o ano:


1. A injecção de xanax que enfiaram há uns tempos naquele rapaz o bill murry e que chegou ao ponto da minha mulher me fazer uma festa durante o ‘flores partidas’. ( mas depois descobri que era o movimento do braço para conter alguma expressão mais inconveniente ou um intermitente bocejar)

2. Como felizmente passou mais um ano em que não li nenhum livro completo queria aqui salientar uma frase da donna tartt que ainda me rendeu uma sms de belo efeito :«nós pensamos que temos muitos desejos, mas na verdade temos apenas um. (...) viver para sempre»

3. Destaco o disco do jamie lidell (‘multiply’) mas essencialmente porque foi o primeiro que conseguiu sacar da minha filha um carinhoso e revolucionário ( se bem que com alguns laivos comiserativos vejo agora uns meses depois): «emprestas-me esse».

4. Sendo o ano do desaparecimento político do nosso narciso miranda isso acaba por ensombrar todos os outros factos politicos relevantes como sejam o regresso de fatinha ou o casamento de carlos com camila

5. A dinâmica (entremeada de dialéctica) imprimida pelo meu filho mais novo nas conversas familiares na sequência dos seus visionamentos apócrifos dos ‘morangos com açucar’. Educar passou ao estatuto de conceito, e a oração mais repetida cá em casa passou a ser: «eu nem acredito nas merdas que este puto diz». ( se bem que aquela ideia de o ter levado a ver a Frida Khalo no verão também pode não ter ajudado)

6. Nesta coisa dos blogues o ano fica definitivamente marcado pelo facto do seu registo e estilo (refiro-me aos aparentemente mais lidos e mais conhecidos, claro) ter sido completamente assimilado pelos tiques do jornalismo/comentarismo oficial: não arriscam genuinamente a pensar, e falam geralmente uns para os outros incapazes de simular um público imaginário e ‘irrelevante’e intrinsecamente desconfiado. Deste contexto salvam-se – dos que vou lendo – alguma natureza do mal, algum mar salgado, algum blogame mucho. De resto mantém- se a influência da angústia existencialista e da hormonodependência, o que, já se sabe, tem dias, e a mais confrangedora previsibilidade encontra-se naqueles que querem fugir dela. E há um bom blog de escrita curtinha: o melancómico.

7. Há depois também aquela questão da Soraya do Crime do Padre Amaro. O meu diagnóstico é que se o Bergman ainda tivesse ido a tempo punha-a no Saraband e o velho até dançava. Foi uma pena; de resto os lapsos do costume: o Mário Crespo a juntar ao cabeleireiro que escolhia os penteados da constança cunha e sá nas entrevistas, claro.

8. Depois foi o ano em que Hans Kung se encontrou com o Papa Bento e isso acaba por nos deixar mais à vontade para dizer que o sto Agostinho deixou armadilhada a coisa de tal maneira que agora um gajo pode ter de ir repescar o Orígenes que, como se sabe, já não os terá no sítio.

9. Peseiro. ( acho que chega escrever o nome)

10. Assinalo também o barrete ( não é camauro, note-se) que enfiei a comprar uma daquelas camisolas apaneleiradas com fechozinho e que a única coisa boa que têm é nunca se correr o risco de lá entalar algo de importante.

Juro que tentei fazer um balanço minimalista, mas esta coisa de escrever à toa é mais forte do que um vibrador num ‘blogue de gajas’.

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