Quase filosofia
A questão que realmente me assola a mente neste momento nem são os mandatários da juventude, nem o sexo criminoso antes dos 18, nem a falta que sinto do peseiro, reparem bem: é a questão dos ‘porta-vozes’. Todos sabemos que a vida seria bem mais difícil sem porta-chaves, nem sei o que faríamos sem porta-bagagens, sem porta-estandartes já se aguentaria melhor mas em todo caso também é bem vindo, o porta-luvas será um caso de duvidosa utilidade e há mesmo quem tenha com ele uma relação difícil, mas também lhe encontro potencialidades para esconder restos de bolachas oreos, o porta-Portas agora está um bocado em baixo com aquele rapaz o Ribeiro-que-ventila-Castro (uma espécie de Nuno Cardoso da direita) mas o rapaz das feiras voltará certamente um dia, quando o Cavaco estiver no intervalo entre uma fatia de bolo rei e uma condecoração ao Saramago, estou-me a desviar – e afinal não tive nenhum sonho marado, volta Freud estás perdoado – mas critica crítica é aquela situação de o Soares ter um porta voz – o Severiano-também-porta-gravatas-Teixeira , e depois vai-se a ver o Cavaco diz que é ele o porta-voz de si próprio. Pessoal, assim, a gente, não se entende. Eu reconheço os méritos da opção cavaquista, ( o Dic. Houaiss é arrasador com esta palavra) é uma coisa mais limpinha, um tipo transporta a sua própria voz, não expõe o gargomil ao perdigoto do povo por dá cá aquela palha, parece-me pois uma opção higiénica, desde que tenha por hálito, perdão por hábito comer-se com a boca fechada. No entanto, a opção de delegar a portabilidade da sua voz é uma solução que também poderá ser encarada como mais arriscada por causa das correntes de ar durante o transporte, mas, vendo bem, ao estar safa a próstata não me parece que as amígdalas venham a atraiçoar, pior será mesmo o Severiano ainda poder ser contratado pela TVI para fazer de Vitinho na hora de deitar as crianças tal o seu ar de embalo e a irrelevância do que diz.
São contudo claramente, e isto é que é importante destacar, duas maneiras distintas de ver o mundo, não diria duas mundovisões mas arriscaria em falar de duas formas diferentes de encarar o céu da boca: um tem lá o credo, outro tem lá o peixe.
Penso que esta questão tem sido muito desvalorizada pelos analistas, mais concentrados no teor de ansiolíticos dos manifestos e por isso vou ainda discorrer mais um pouco em torno dela. A mensagem ao ser transmitida por um porta-voz exógeno pode incorrer num fenómeno de transferência, mas ao ser emitida pelo porta-voz endógeno pode criar mecanismos perversos de feed-back. Se estivermos atentos constataremos facilmente que é nesta dinâmica peri-neurótica: ‘transferência’ versus ‘feed-back’ que se podem jogar os destinos da nação, mas o importante mesmo é que na baliza do Sporting vigora d’hoje em diante a regra do coito interrompido - só é considerado golo do adversário se já levarmos duas de avanço, e porra já estou a passar outra vez as 25 linhas. Abrevio, portanto: o sonho de qualquer nominalista é um dia ser tomado por eminente platónico. No fundo, ninguém gostará de ser lembrado como um mero porta voz.
A questão que realmente me assola a mente neste momento nem são os mandatários da juventude, nem o sexo criminoso antes dos 18, nem a falta que sinto do peseiro, reparem bem: é a questão dos ‘porta-vozes’. Todos sabemos que a vida seria bem mais difícil sem porta-chaves, nem sei o que faríamos sem porta-bagagens, sem porta-estandartes já se aguentaria melhor mas em todo caso também é bem vindo, o porta-luvas será um caso de duvidosa utilidade e há mesmo quem tenha com ele uma relação difícil, mas também lhe encontro potencialidades para esconder restos de bolachas oreos, o porta-Portas agora está um bocado em baixo com aquele rapaz o Ribeiro-que-ventila-Castro (uma espécie de Nuno Cardoso da direita) mas o rapaz das feiras voltará certamente um dia, quando o Cavaco estiver no intervalo entre uma fatia de bolo rei e uma condecoração ao Saramago, estou-me a desviar – e afinal não tive nenhum sonho marado, volta Freud estás perdoado – mas critica crítica é aquela situação de o Soares ter um porta voz – o Severiano-também-porta-gravatas-Teixeira , e depois vai-se a ver o Cavaco diz que é ele o porta-voz de si próprio. Pessoal, assim, a gente, não se entende. Eu reconheço os méritos da opção cavaquista, ( o Dic. Houaiss é arrasador com esta palavra) é uma coisa mais limpinha, um tipo transporta a sua própria voz, não expõe o gargomil ao perdigoto do povo por dá cá aquela palha, parece-me pois uma opção higiénica, desde que tenha por hálito, perdão por hábito comer-se com a boca fechada. No entanto, a opção de delegar a portabilidade da sua voz é uma solução que também poderá ser encarada como mais arriscada por causa das correntes de ar durante o transporte, mas, vendo bem, ao estar safa a próstata não me parece que as amígdalas venham a atraiçoar, pior será mesmo o Severiano ainda poder ser contratado pela TVI para fazer de Vitinho na hora de deitar as crianças tal o seu ar de embalo e a irrelevância do que diz.
São contudo claramente, e isto é que é importante destacar, duas maneiras distintas de ver o mundo, não diria duas mundovisões mas arriscaria em falar de duas formas diferentes de encarar o céu da boca: um tem lá o credo, outro tem lá o peixe.
Penso que esta questão tem sido muito desvalorizada pelos analistas, mais concentrados no teor de ansiolíticos dos manifestos e por isso vou ainda discorrer mais um pouco em torno dela. A mensagem ao ser transmitida por um porta-voz exógeno pode incorrer num fenómeno de transferência, mas ao ser emitida pelo porta-voz endógeno pode criar mecanismos perversos de feed-back. Se estivermos atentos constataremos facilmente que é nesta dinâmica peri-neurótica: ‘transferência’ versus ‘feed-back’ que se podem jogar os destinos da nação, mas o importante mesmo é que na baliza do Sporting vigora d’hoje em diante a regra do coito interrompido - só é considerado golo do adversário se já levarmos duas de avanço, e porra já estou a passar outra vez as 25 linhas. Abrevio, portanto: o sonho de qualquer nominalista é um dia ser tomado por eminente platónico. No fundo, ninguém gostará de ser lembrado como um mero porta voz.
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