Manual de estereotipagem rápida
( blogue sem disfunção eréctil, mas que não rime, será sempre meio apanascado)

Pegue-se selectivamente num tique
E apetrechemo-lo dum belo par de pernas;
Exageremos-lhe depois o andar remoçado,
Façamos um suspiro parecer um chilique
Tudo recheadinho com umas piadas modernas
E teremos uma figurinha em ponto rebuçado


Com o tique já em forma de trejeito
E todo ele a apoderar-se do sujeito
O povo estará então pronto a babar-se de gozo;
É o momento certo de apelar ao belo efeito
Tirando-lhe a casca, mostrando-lhe bem o caroço

Resumindo, temos assim nesta fase:
O ventre já está à mostra,
E o rabo já está quase;
Só falta tirar a última crosta
Antes que a rima se atrase
e comece a fazer fernicoques,
ou outros tormentos,
no maravilhoso reino dos berloques
e dos afrontamentos.

E é nestes preparos que chegamos à parte final,
Temos o sujeito já meio em pelota
À mercê da infalível técnica do ‘tal e qual’:
enquanto a divina excepção arrota
A regra torna-se uma flatulência fatal.

Daí que o verdadeiro segredo
seja dizer o que os outros gostam de ouvir
Para assim todos podermos sacudir
O que nos transporta o medo

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