Post sem qualquer interesse, apenas sexo implícito.
Um dos múltiplos ‘desafios’ das artes plásticas é a utilização dos chamados materiais com sensualidade. Esta é além disso mais uma daquelas boas expressões, e sedutora diga-se, que utiliza duas palavras igualmente jeitosas: ‘material’ e ‘sensualidade’. É pois bem verdade que a borracha é mais interessante (esta palavra também me persegue) que o papel cavalinho, a espuma mais estimulante que o cartão canelado, a gelatina mais insinuante que uma chapa quinada, há quem faça milagres com o teflon que nem os melhores silicones suspeitariam, e isto agora chega senão nunca mais acabava de exemplos (todos os maximalistas militantes sucumbem à tirania efusiva do exemplo).
Não é o sexo que comanda a vida, isso é verdade, não será no coito onde mais nos entalamos, e nem será até o orgasmo sequer a sensação mais limite que a nossa natureza carnal pode produzir, no entanto é em torno da nossa condição sexual, e erótica se quisermos ser mais abrangentes, que se movimentam muitas das nossas inquietações e dos nossos graus de liberdade. Ora a arte tem esse condão de relativizar, de desmoralizar se quisermos, uma realidade que é para todos – incluindo os relaxantes extremos puritano ou libertino – enigmática ou até indecifrável. A arte demonstra assim poder chegar onde nem a religião nem a ciência conseguem chegar. Nem Freud, nem São Tomás de Aquino, nem Montaigne conseguem explicar como é que a mama destapada do ‘nascimento de vénus’ do Botticelli (sem falar dos cabelos dourados e serpenteantes) podem aproximar mais de Deus do que o seu ‘sto Agostinho’ agarradinho aos livros e ao peitinho contrito, e muito menos explicam como é que apetece entrar pelos banhos turcos de Ingres adentro para ver se o material é mesmo sensual ou se Deus nosso senhor inventou as nossas capacidades plásticas para ver até que ponto conseguíamos metonomizar o pincel.
E claro, muito cuidado com o pessoal que tem a Lua em escorpião. Mas se calhar escorpião que ladra não morde porque se perde completamente com aquele movimento que faz com a língua a ‘desenhar’ o ‘l’ da palavra sensualidade. Que é para já não falar naqueles dois 's' separados pelo serpenteante 'en'. Até gemem. Bem, soletrar 'material' é que já me parece algo do foro do sexo explícito e para isso eu já não estou autorizado. O grafismo dos kanji parece escolástica comparado com esta nossa orgia alfabética tão subestimada.
Um dos múltiplos ‘desafios’ das artes plásticas é a utilização dos chamados materiais com sensualidade. Esta é além disso mais uma daquelas boas expressões, e sedutora diga-se, que utiliza duas palavras igualmente jeitosas: ‘material’ e ‘sensualidade’. É pois bem verdade que a borracha é mais interessante (esta palavra também me persegue) que o papel cavalinho, a espuma mais estimulante que o cartão canelado, a gelatina mais insinuante que uma chapa quinada, há quem faça milagres com o teflon que nem os melhores silicones suspeitariam, e isto agora chega senão nunca mais acabava de exemplos (todos os maximalistas militantes sucumbem à tirania efusiva do exemplo).
Não é o sexo que comanda a vida, isso é verdade, não será no coito onde mais nos entalamos, e nem será até o orgasmo sequer a sensação mais limite que a nossa natureza carnal pode produzir, no entanto é em torno da nossa condição sexual, e erótica se quisermos ser mais abrangentes, que se movimentam muitas das nossas inquietações e dos nossos graus de liberdade. Ora a arte tem esse condão de relativizar, de desmoralizar se quisermos, uma realidade que é para todos – incluindo os relaxantes extremos puritano ou libertino – enigmática ou até indecifrável. A arte demonstra assim poder chegar onde nem a religião nem a ciência conseguem chegar. Nem Freud, nem São Tomás de Aquino, nem Montaigne conseguem explicar como é que a mama destapada do ‘nascimento de vénus’ do Botticelli (sem falar dos cabelos dourados e serpenteantes) podem aproximar mais de Deus do que o seu ‘sto Agostinho’ agarradinho aos livros e ao peitinho contrito, e muito menos explicam como é que apetece entrar pelos banhos turcos de Ingres adentro para ver se o material é mesmo sensual ou se Deus nosso senhor inventou as nossas capacidades plásticas para ver até que ponto conseguíamos metonomizar o pincel.
E claro, muito cuidado com o pessoal que tem a Lua em escorpião. Mas se calhar escorpião que ladra não morde porque se perde completamente com aquele movimento que faz com a língua a ‘desenhar’ o ‘l’ da palavra sensualidade. Que é para já não falar naqueles dois 's' separados pelo serpenteante 'en'. Até gemem. Bem, soletrar 'material' é que já me parece algo do foro do sexo explícito e para isso eu já não estou autorizado. O grafismo dos kanji parece escolástica comparado com esta nossa orgia alfabética tão subestimada.
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