de nuncas e de tantos
Disse-te que o sporting tinha cilindrado o porto. Menti-te está bom de ver, mas soube-me bem; «vamos "limpar" aquilo outra vez» e ainda te saquei um meio sorriso, aquele meio sorriso ainda de miúdo que sempre tiveste, a segurar os olhos verdes de malandro, de bom e decente malandro. Apalpavas-me a manga do casaco, parecia que estranhavas a fazenda, mas tu querias lá saber da fazenda, perguntei-te se gostavas da gravata, mas tu querias lá saber da gravata, só querias confirmar que eu estava ali, que daquela vez não te ia deixar sem companhia para as piadas; Esforçavas-te para ouvir os meus disparates, mas depois só encolhias os ombros, aquilo era um encolher de ombros não era, nunca me custou tanto ver um encolher de ombros, nunca me custou tanto apertar-te a mão, mas também nunca me apeteceu tanto apertá-la; e nunca me custou tanto dizer-te até amanhã. Tantos nuncas para um nunca tanto é que é a porra.

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