E agora uma calimerada para desenjoar



Tenho pena de não ser uma ternura de homem. Tenho mesmo pena disso. De não saber dizer aquelas palavras que fazem os coraçõezinhos rebentarem como uma colmeia de favo ao léu. Tenho pena de não conseguir entrar na alminha de ninguém, de não provocar nem um suspirozinho, nem um calorzinho, já nem falo em estremeções, falo duma lagrimita a cair aos trambolhões. Os músculos olham para mim impávidos, secos, sem se esgadanharem demasiado por dar sinal de vida, já nem falo de grandes suores de esforço, falo dum pinguito a escorrer pelo pescoço. Não sou capaz de promover um olhar cândido e entregue, não sou capaz de atrair uma cabeça para repousar esquecida no meu colo, já nem falo dum coração em chaga ou a brilhar ao luar, falo duma feridita a sangrar. Tenho pena de não ser uma ternura de homem, em calhando, só sirvo para desenjoar.

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