A opção era outono, ou tino. Escolhi outono. Não sei se terei feito bem



(durante esta estação há fortes possibilidades deste desterrado blog se ir erraticamente dedicando à empolgante e originalíssima guerra dos sexos; será tudo a bem duma saudável queda da folha)



Hoje é especialmente dedicado a alguém que esteja ainda “segurando o queixo” enquanto “pressente” cabeças ditas “inconhecíveis”.




O Marquês de Sade logo no início de “Eugénie de Franval” “ ( 1) pergunta-se: «será possível tornar detestados semelhantes desvarios se não tivermos a coragem de os mostrar a nu?» preparando-nos para a “novela trágica” duma relação incestuosa. Mas deste livro fica-me como imagem mais marcante a capacidade de perdoar no limite de uma mulher: (referindo-se à Sra de Franval, mãe de Eugénie ) «Ela desculpava-vos..., rogava ao céu por vós..., pedia sobretudo o perdão para a filha....Como vedes, homem bárbaro, os últimos pensamentos, os últimos votos daquela a quem dilaceráveis eram ainda pela vossa felicidade».

Só que eu sempre achei que o homem não tem jeito para sofrer. Acaba por ter mais jeito para fazer sofrer: «pérfidos, inconstantes, cruéis, ou despóticos», sim os homens são “melhores” nisto. Para as mulheres estaria, como diz o Marquês no final do citado livro, reservada outra dedicatória: «com efeito que outra criatura podia haver mais preciosa e mais interessante aos olhos dos homens que aquela, que apenas amou, respeitou e cultivou as virtudes deste mundo para nelas encontrar, a cada passo, o infortúnio e a dor».


O sofrimento é do género feminino. Ponham-lhe o apelido que puserem. Quanto ao perdão, não sei. Mas o Outono também só começou agora.



(1) tradução portuguesa ed Cotovia, 1992.

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