Eu cá sou pró miscuidades. E estou com os nervos em franja.

Bola e política. Claro. (logo se vê depois se ainda aparecem moças jeitosas e outras religiosidades afins).



Eu já não sei se o Scolari é bom treinador ou não; eu já não sei se o DBarroso tem mesmo é de desamparar-nos a loja, agora que o brasileiro reza melhor que aquela andorinha que ainda esvoaça em SBento, lá isso reza. E remodela melhor, isso a olhos vistos! Sabe agarrar-se ao que tem, sem miserabilizar, sem enfarilhar muito o discurso, e até pode fazer de nós alienados, pode, mas não faz de nós parvos. DBarroso e o seu governo reduziram-nos a meros dependentes de bola, porque, de facto, nós não queremos nem pensar que quem ganha daquela maneira épica à Inglaterra, depois pode ser governado por quem é desprezado pelos deuses ou pelos druidas.



(Também gosto muito daqueles que se dedicam a esclarecer-nos que a selecção nacional não é o país, e que é somente uma selecção de futebol. Ficar-lhes-ei eternamente grato pelo esclarecimento; foi um aparte)



Bem, mas há que saber então equilibrar e dar a volta a esta coisa. Penso que precisamos é duma mulher gira, modernaça, mas piedosa, à frente dos destinos da nação. Alguém que faça o pleno, que também goste de bola, claro, mas que enfeitice as multinacionais, que desfaça de charme a comissão europeia e os ponha a babar desculpas por nos estarem a exigir contas limpinhas, que faça o Papa vir-nos visitar mês sim mês não, que sejamos convidados para as missões espaciais a Marte, que convença os chinocas a subirem os preços, eu sei lá.

Precisamos duma mulher-de-estado de arrasar. Com um olhar abrasador, com um coração de nos deixar a todos abananados, com um regaço fofinho e benzido pela divindade, e pronto, arrisco, que nos saiba beijar quando a ternura for o que realmente faça a diferença.



Mas depois há uma coisa que é muito importante dizer agora. A mulher possui um poder que é determinante para o sucesso: o poder de gestão da sua franja. Só uma mulher sabe retirar todos os proveitos duma franja. Ora tudo esconde, ora apenas dissimula, ora nos acanha, ora nos estimula; ora a puxa para trás, deixando-nos o seu olhar virginal à mercê dum desejo fresco de rapaz, ora a corta repentinamente, deixando-nos estupefactos e hesitantes, ora a sopra com violência parecendo uma gaiata irrequieta e provocadora, ora a transforma numas ripas disformes e assimétricas que nos descontrolam as contas e as éticas, ora a traça cruelmente direitinha distribuindo frieza por todos os quarteirões, ora a encaracola em jeito de boneca caprichosa (já não gosto tanto, mas quem sou eu, claro). Chiça, o poder que uma franja tem.



E um homem para conseguir fazer tudo isso tem de se socorrer de recursos infindáveis. Alguns roçando mesmo o ridículo. E Deus não apara esses golpes, claro. Deus acolhe os parvos no seu reino, mas isso não implica que tenha de os iluminar cá em baixo. Infelizmente para nós, se calhar.

Sem comentários: