Blog no divã

Andei pelos blogs.

Comum a todos : – e isso é normal – gostam de ser lidos, estão à espera disso e sem essa perspectiva morreriam.

Alguns precisam que haja um círculo muito especifico que os aprecie e releve. Tornam-se um bom disfrute para os próprios, já por vezes mais desinteressantes para terceiros (que têm bom remédio também...)

Há uns mais repentistas e outros mais pensados. Contudo ,os primeiros não existem - de todo - em estado puro e os segundos se se esticam muito perdem a validade

Nalguns encontramos o claro desejo de liderarem os temas, de servirem de centro da discussão, de marcarem a agenda, mas parece-me um desejo que, pela natureza da arbitrariedade deste meio, acabam por não satisfazer totalmente, julgo...

Há blogs vaidosos. Há de facto. Quase todos esses têm um pouco de razão para essa vaidade. Há, no entanto, alguns que são sóbrios e até humildes, e é aí que também se encontra muito do seu valor.

Os blogs que apostam na ironia, em geral sobrestimam-se. São, no entanto, os que mais podem surpreender. São também, por ironia, os que mais se podem tornar irrelevantes.

A originalidade é quase sempre um beijo de Judas. Quem vive apenas em função dela será atraiçoado mais tarde ou mais cedo ( um tema agora em voga ...). Nota: a erudição também é muito traiçoeira...

A “efemeridade” é uma dimensão relativamente bem organizada por aqueles que - por ocupação regular- escrevem e têm um outro auditório mais normal ou fixo, e relativamente mal gerida pelos outros ( eu por exemplo ...)

Há ainda uns quantos , que eu até aprecio mais agora, que parecem mais livres...estão lá no seu mundo, como se os outros não existissem, mas acabam por afinal também estar presos à sua aparente não-temporalidade.

No fundo isto é o espelho do mundo e das gentes, dos corpos e das almas.

Como não podia deixar de ser.



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