Um país que quase se dividiu por causa dum facto que se quis
libertar do seu pesado c, e que se empolgou neuroticamente com um que-se-foda
em penaltis, acabou finalmente por libertar-se dialética e terapeuticamente
com um chuta-caralho.
Ora, tendo partido nós, desde logo, sabendo que a língua era a
pátria, primeiro, inchados de piedosos escrúpulos quisemos fazer da ortografia uma
madrinha de guerra e agora acabamos a descobrir que é num caralho debruado a
foda-se que torneamos outra vez o Bojador.
Se já se dizia que no Norte caralho era vírgula, a partir de
hoje que-se-foda é travessão em todo o país e reticência na academia de letras.
Como se usa o conceito de ‘mulher resolvida’ para aquela que
aparentemente já sabe lidar com as suas arremenstruaçõezinhas, e transforma os
complexos em meros berloques de verão, julgo que nos podemos doravante considerar também
uma nação resolvida porque vernaculizamos com um tipo de classe que nem o Rei Sol quando soltava bufas em Versailles.