Gosto bastante do anticlericalismo em geral e do em
particular também, depende, neste, das medidas de cintura e anca.
Uma das características interessantes do anticlericalismo de
pendor ateu (também o há de pendor católico no qual eu tenho o prazer de
participar) ou mero pendor parvo é que se organiza essencialmente numa forma de
raiva elaborada sobre uma merda chamada fé que se concretiza numa merda chamada
crentes.
O anticlericalismo parvo (para sintetizar conceitos) mais
moderno revelou-se recentemente nas reacções às personalidades e posições de
Bento XVI (agora é que vocês vão ver seus católicos laxistas e prevaricadores)
e agora às de Francisco I (agora é que vocês vão ver seus católicos
conservadores e hipócritas)
Em geral, o anti-clericalista parvo possui um pensamento da
família da respiração com falhas.
Arranha um pouco mas não chega a faltar o ar. A blogaria sempre foi fecunda em
manifestações desta categoria mas, mais recentemente, certos fenómenos
emergentes como o das ideologias de género militantes (os genercologistas), ou
até a crise das esquerdas (não riam, vá, é a escardalhose) introduziram toda
uma dinâmica de flatulência mental que só não cheira porque quando chega está à
beirinha do intestino o duodeno remete para a procedência (daí a pieira mental)
Uma das mais charmosas insinuações do anti-clericalismo
parvo é que a crença produz uma gaiola moral (‘my body is a cage’, como se
sabe) na natureza, que nos torna (aos crentes) irracionais, intolerantes &
absurdos (a ordem é arbitrária), algo que deve ser descodificado diária e
sistematicamente, e ilustrado, de preferência, com as horríveis contradições do
clero, desde a carmelita lésbica ao cardeal panasca passando pelo ermita
insensível à violência doméstica.
Como se sabe, no tempo em que os leões papavam apóstolos o
anticlericalismo era uma coisa séria e motivada por genuínos valores de
cidadania como a ambição, o deboche, o poder e a ordem, mas hoje o
anticlericalismo parvo não passa duma pieira neuronal, assim algo entre a gosma
e o gargarejo.