Fado [VII]










Quando juntei os ramos
daquele amor que me prometeste
e os encostei ao meu peito,
eles disseram-me:
porque sofreste
desse jeito?

Mas o meu sofrimento
é justo,
põe-me o coração apertado,
é bem feito,
devia-te ter agarrado,
preso,
cercado de espigas,
feito figas,
para só a mim me veres,
e a todos os outros esqueceres.

Minha papoila fugaz,
memória de sangue,
pode ser que me engane,
mas se não é este fado que te traz,
vou morrer a olhar para a lua,
incapaz de a abraçar,
hóstia seca, como aquela mão que já foi tua
e nem sequer te pode tocar

Refrão do 'fado da espiga' da autoria de Custódia Passos e imortalizado na voz de Tito Caneças

2 comentários:

  1. Ó pastor que choras
    O teu rebanho onde está
    Deita as mágoas fora
    Carneiros é o que mais há.

    Uns de finos modos
    Outros vis por desprazer
    Mas carneiros todos
    Com cargo de obedecer.

    Quem te pôs na orelha
    Essas cerejas, pastor
    São de cor vermelha
    Vai pintá-las doutra cor.

    Vai pintar os frutos
    As amoras e os rosais
    Vai pintar de luto
    As papoilas e os trigais.


    «Ó pastor que choras». Letra José Gomes Ferreira, música José Almada, cantada por Tonicha, 1997

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