verso à terça

Deito-me neste divã e o que vejo são nuvens.
Nem sempre brancas aliás,
amarelas, castanhas,
rosadas, por sorte,
como agora em Setembro, duas ou três escarlates,

principio a contar as nuvens amarelas
e as nuvens castanhas

se as amarelas forem em maior número que as castanhas
não reprovo este ano

duas amarelas e uma castanha.

António Lobo Antunes (semi-aldrabado) , in Não entres tão depressa nessa noite escura

3 comentários:

  1. Pensa-me eterna que o eterno gera
    Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
    Em ileso beiral, aí espera:

    Andorinha indemne ao sobressalto
    Do tempo, núncia de perene primavera.
    Confia. Eu sou romântica. Não falto.


    Natália Correia, in «O Espírito», Sonetos Românticos (O Jornal, Lisboa, 1990)

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  2. Eterna serás pensada
    nesse ileso beiral
    ó Primavera ansiada,
    Romântica, afinal

    Calisto Brotério , in «Eternuras», ed. Oficinas do Grito

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