verso à terça

Ó pastora, ó pastorinha,
Que tens ovelhas e riso,
Teu riso ecoa no vale
e nada mais é preciso

Fernando Pessoa, in Quadras ao Gosto Popular (nº 155)

2 comentários:

  1. Venhas contentamento muito embora,
    Dar-te-á meu coraçaõ hoje aposento,
    Que pois que sempre o foi de meu tormento,
    Bem é que o seja teu somente um hora;

    Verás um coração tam triste agora,
    Que nunca soube ver contentamento,
    E como está de posse o sentimento,
    Então menos o sente quando o chora:

    Mas se a Fortuna quer que eu goze um bem,
    Porque me quer com ele fazer mal,
    Pode comigo já desenganar-se,

    Que quem ventura, sem ventura tem,
    Se se val dela & cuida que lhe val,
    Não tem cousa mais certa, que enganar-se.


    «Laurea», em Das Ribeiras do Mondego (Livro Primeiro), Elói de Sá Sotto Maior. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1932.

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