power rangers

O poder é uma construção estritamente humana. Uma das grandes revoluções do cristianismo (leia-se: do património religio-cultural que decorre da vinda ao mundo de Deus feito homem ) é permitir que se olhe para um Deus omnipotente 'fora do poder', (o 'deus-poder' é propriedade intelectual do paganismo) ou seja, Deus como presença, caminho, salvação, e uma carrada de não despiciendos etceteras, (ou apenas 'verdade e vida' para utilizarmos uma fórmula mais poeticamente friendly) deixando para os césares a secção do economato.
Num post do regressado dragonblog ele afirma que «o Poder vem sempre de alguma parte. Se não do «Alto e Sublime», então do baixo e desprezível. Se não conta a Palavra, passa a contar o número..» and so on, and so on. Ora na minha rudimentar forma de ver les choses: o poder nunca vem do «Alto e do Sublime», 'dasse!, 'o poder' é uma coisa do urbanismo da cidade dos homens, na cidade de deus só há aquilo que se pode sintetizar por 'amor', pois a confrontação com Deus impede toda a lógica inerente aos mecanismos de poder. Não podemos ir procurar em Deus a justificação do poder, tal como não é Lá que se encontra a solução para o tratamento de águas ou a luta contra as cáries. Nem a dignidade humana decorre do reconhecimento de Deus como fonte de todo o poder, a dignidade humana decorre do uso daquilo que nos torna humanos: 'uma moral' e 'uma caridade'. O homem está de facto condenado a ter de se amanhar com os poderzinhos que terá de ir alimentando e tecendo à sua maneira, seja com o dinheiro, ou a força, ou a ternura, ou o sexo, ou as ilusões em geral. É mesmo assim, e há pouco espaço para o assado. O poder é avassaladoramente mais inerente à nossa biologia do que à nossa espiritualidade; é por nós cá fabricado, numa linha de montagem sinuosa, por estas tais coisinhas «baixas e desprezíveis» pelas quais a Trindade penhorou a sua 2ª Pessoa, e iludido anda quem o quereria ver a jorrar, vindo das vestes do Altíssimo directamente para as consciências famintas dos degredados filhos de Eva. A liberdade foi uma das coisas mais fodidas que o Criador deixou nas mãozinhas destes rangers do domínio e da submissão que somos nós.

21 comentários:

  1. oh

    tretas

    era só uma maneira de falar

    mas tens razão :)

    ass: mais uma piscina

    ResponderEliminar
  2. Estamos todos modernaços, hein, ó caro Desfazedor?...
    Com isto deixou-me, entre curioso e paciente, à espera de conhecer a sua maneira menos rudimentar de ver as coisas.

    Sempre a considerá-lo

    e votos de um Bom Ano

    CA Dragão

    ResponderEliminar
  3. Ai, Ai, Ai! que interessante e inquietante. Perdi o almoço com isto tudo. Acaso, Excelso Senhor, me puderá falar de uma vertente cristã não pagã? Ao deitar fora o paganismo do conceito Omnipresente de Deus, o que vai pôr em cima da mesa para alimentar almas desesperadas?!?!?! Mt interessante ANIWAY!!! :)

    E já sabe, eu Maria, aguardo a sua resposta: quer casar comigo ou não? USE, ABUSE ;) E DISPONHA XFAZFAVOR! O PODER É SEU!

    ResponderEliminar
  4. Nadador,

    a treta está sempre muito próxima da razão! Juizo & pirolitos com fartura

    ResponderEliminar
  5. Dragon! Isto é mesmo o mais fino que eu consigo! Um muito bom ano para si também!

    devedor da consideração , um abraço

    ResponderEliminar
  6. sôdona Maria,

    Se bem que nunca tenha sido Celso (nem no meu nascimento anterior), aproveito para esclarecer que chumbei na disciplina de paganês pois na altura namorava com uma catequista de Alhos Vedros que me consumia todos os tempos e braços livres; Aliás foi ela que me explicou q por exemplo, aquela coisa cristã de dar a outra face, no paganismo só foi encontrada em duas tribos canibais do sri lanka que eram adoradores de bochecha de canhoto.

    quanto ao casamento, agora não posso pq esgotei as saidas do lar para 6 meses, quando à atrasado fui ver a minha prima Lurdes que vende emplastros no Carregado. Disponha aussi.

    ResponderEliminar
  7. ;)!!!!!!!!
    Ass: Sodona Maria
    E olhe atenção! Meu Excelso Senhor! não gargalho rodanovescamente ... gargalho porque o Senhor me fazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz rir ... Ai, Ai!!! Veja lá isso do casamento! Pense bem ;)!

    ResponderEliminar
  8. em nome da transparência

    tretas são as do dragão

    mas têm os dois razão

    a bem da coerência

    aas: o poeta da piscina seca

    ResponderEliminar
  9. Falai de Deus com a clareza
    da verdade e da certeza:
    com um poder

    de corpo e alma que não possa
    ninguém, à passagem vossa,
    não O entender.

    Falai de Deus brandamente,
    que o mundo se pôs dolente,
    tão sem leis.

    Falai de Deus com doçura,
    que é difícil ser criatura:
    bem o sabeis.

    Falai de Deus de tal modo
    que por Ele o mundo todo
    tenha amor

    à vida e à morte, e, de vê-Lo,
    O escolha como modelo superior.

    Com voz, pensamentos e atos
    representai tão exatos
    os reinos seus

    que todos vão livremente
    para esse encontro excelente.
    Falai de Deus

    Cecília Meireles (1901-1964)
    - Profª e Poetisa brasileira


    Quis citá-la por encontar esta clareza em si

    beijos BEM brasileiros ;)
    E

    ResponderEliminar
  10. Relacionar biologia com espiritualidade é potenciar uma tensão. Associar biologia a poder e espiritualidade a liberdade pode constituir uma válvula de escape para essa tensão. No entanto, se considerarmos que «a dignidade humana decorre do uso daquilo que nos torna humanos», a ética no sentido em que Deleuze a define, é bem provável que consigamos um bom acordo para os «bichos» que somos.

    ResponderEliminar
  11. Evanise,

    dizer que «encontra clareza em mim» é praticamente proporcionar-se um 3º nascimento; o meu muito e muito, mas mesmo muito obrigado, e beijos completamente portugas e tudo! :)

    ResponderEliminar
  12. Blanche, eu diria mesmo que dá Deuleuzes a quem não tem dentes, mas confirmo que a tensão está lá.
    Até Jesus disse: Pai, Pai porque me abandonaste!?

    Mas nós somos claramente bichos talhados para nos equilibrarmos, mas gostamos de arriscar. E o risco também nos dá dignidade.

    ResponderEliminar
  13. Do cabaret pª o convento, heim? O que pr'aqui vai não anda pela rua ;)

    (xii, teologia, biologia, filosofia, poesia, tanta «ia» fina que até me deixa a pobre cabecinha em água! sou mais astrologia: hoje deve haver um alinhamento astral qualquer com Mercúrio bem colocado, benzó-a-santa!)

    C. (moi même)

    ps: como quer os beijos? mineiros ou lisboetas? ;)

    ResponderEliminar
  14. Sugestão: I Simpósio Fé e Cultura, 19 de Março de 2011, Tema: «As intermitências do diálogo entre Ciência e Cristianismo» no ISCRA (http://www.iscra.pt/)

    ResponderEliminar
  15. Olha a mme C. , e a invocar os astros!...Penso q a astrologia já é desespero mesmo, não há nada mais neura que um grande calhau o tempo todo a rolar à volta duma porrinha estrelada a escaldar.

    (o beijo mineiro deve saber a ferrugem)

    ResponderEliminar
  16. Blanche, muito obrigado pela sugestão.

    ResponderEliminar
  17. aqui está

    uma boa

    notícia

    http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/monge-garante-que-deus-esta-no-orgasmo

    sabe-se lá

    ResponderEliminar
  18. Então e o Deus Pai Todo Poderoso foi à vida por acordo ortográfico?

    Beijocas,

    Não tenho ideia nenhuma sobre o assunto. Detesto poder terreno e no outro espero que não seja escrava, lá por isso.

    ResponderEliminar
  19. anónimo, o monge devia estar a referir-se ao momento em q o orgão toca o Regina Coeli.

    ResponderEliminar
  20. Zazie,

    não se trata de nenhum revisionismo à Omnipotencia de Deus. Trata-se de 'desfazer' a ideia de que o exercício do poder na terra tenha alguma coisa q ver com essa caracteristica do Criador.

    o poder na terra é uma mera amanuencia social q decorre da nossa...condição e condições :)

    (mas eu irei responder 'melhor' ao dragão, claro,... Se Deus quiser :)

    beijos

    ResponderEliminar
  21. Acho que concordo totalmente contigo.

    Pensei nisso quando andei às voltas com o Leviatã de Hobbes e o Conto de um Tonel do Swift.

    O excesso de Bem Comum defendido por um ditador é sempre onde se vai ter quando se faz do Poder terreno algo transcendente.

    Beijocas

    Ainda bem que v.s não hibernaram.

    ResponderEliminar